Maioria dos Brasileiros desaprova plano de racionamento. Governo Federal e empresas que administram o sistema de energia elétrica são principais responsáveis pela crise

DE SÃO PAULO

A maioria dos Brasileiros desaprova o plano de racionamento de energia elétrica do governo e considera que o Governo Federal e as empresas que administram o sistema de energia elétrica são os principais responsáveis pela crise. Estes são os principais resultados de pesquisa realizada pelo Datafolha em 348 municípios de todas as unidades da Federação entre os dias 25 e 28 de junho. Foram entrevistados 12.602 Brasileiros e a margem de erro é de, no máximo, dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

O plano tem a desaprovação de 54% dos Brasileiros. Aprovam o racionamento 42%. Na região Sudeste a desaprovação ao plano chega a 58%. Já na região Sul, que está fora do racionamento imposto pelo governo, 51% aprovam o plano, enquanto 45% o desaprovam. A desaprovação ao plano é maior nas cidades que ficam em regiões metropolitanas (59%) do que naquelas que se localizam no interior do país (51%).

As maiores taxas de desaprovação ao plano são verificadas nos estados de São Paulo (60%) e do Rio de Janeiro (61%). A aprovação ao plano é maior em Santa Catarina (58%), Paraná (52%) e Rio Grande do Sul (47%).

A desaprovação ao plano também fica acima da média nas cidades de São Paulo, Fortaleza (60% em cada uma delas), Salvador (59%), Recife e Rio de Janeiro (58% em cada). A aprovação é maior em Curitiba (48%), Florianópolis e Porto Alegre (46% em cada).

O Governo Federal e as empresas que administram o sistema de energia elétrica são apontados pela maioria dos Brasileiros como os principais responsáveis pela crise energética. Para 63% o Governo Federal tem muita responsabilidade pela crise. Para 22% o governo tem um pouco de responsabilidade e para 11% nenhuma responsabilidade pela falta de energia. Atribuem muita responsabilidade às empresas que administram o sistema 57% dos entrevistados; para 27% elas têm um pouco e para 10% nenhuma responsabilidade por este problema.

As grandes empresas têm muita responsabilidade pela crise na opinião de 43%; para 32% elas têm um pouco e para 19% nenhuma responsabilidade pela crise.

Mais de um terço (34%) da população se isenta de responsabilidade pela crise. Para 37% a população tem um pouco de responsabilidade, e para 25% muita responsabilidade pela falta de energia elétrica.

Entre os paulistanos, o percentual dos que atribuem muita responsabilidade ao governo Federal pela crise energética cresceu de 52% em junho para 69% na atual pesquisa. Por outro lado, a taxa dos que atribuem muita responsabilidade à população caiu de 44% para 25%, e a dos que consideram que as empresas têm muita responsabilidade, caiu de 59% em junho para 40% no presente levantamento.

A grande maioria dos Brasileiros afirma estar fazendo alguma coisa para reduzir o consumo de energia elétrica em suas casas, mesmo aqueles que moram em regiões que não estão sendo afetadas pelo racionamento. Do total de entrevistados, 89% dizem estar economizando energia elétrica em suas residências, taxa que chega a 94% na região Sudeste. No Nordeste essa taxa é de 91%, no Sul de 80% e nas regiões Norte e Centro-Oeste de 79%.

A maioria (68%) é contra a cobrança de uma tarifa maior para pessoas que ultrapassarem o limite de consumo estipulado pelas distribuidoras de energia. São favoráveis à essa medida 26%. Na região Sudeste 74% são contrários à medida, taxa que é de 65% no Nordeste, 62% no Sul e 60% nas regiões Norte e Centro-Oeste.

A carta com a meta de gasto e economia de energia elétrica não chegou às casas de 21% dos Brasileiros que moram nas regiões afetadas pelo racionamento. Na região Nordeste essa taxa chega a 29%. Afirmam ter recebido a carta 78%.

A maioria (71%) desses Brasileiros acredita que vai conseguir cumprir a meta de consumo de energia elétrica definida pelas distribuidoras de energia. Acham que não vão conseguir cumprir a meta 19% (taxa que chega a 23% no Sudeste) e não sabem dizer se terão sucesso nesse objetivo 10%.

Os mais pessimistas quanto ao cumprimento da meta são os moradores das cidades de Belo Horizonte (30%) e São Paulo (23%). Nos estados dos quais essas cidades são capitais essas taxas chegam a 25% (Minas Gerais) e 24% (São Paulo).

Duas medidas que poderão ser adotadas pelo governo no caso da redução do consumo de energia não atingir a meta estipulada são rejeitadas pela maioria da população. Os "apagões", corte total de energia em determinados períodos do dia, são rejeitados por 77%. São favoráveis à essa medida 19%.

A taxa de Brasileiros contrários ao apagão é maior nas regiões Norte e Centro-Oeste (81%) e Nordeste (80%). Na região Sudeste a adesão à ideia chega a 23%.

A maioria (58%) também é contra a decretação de feriados às segundas-feiras. São favoráveis à essa ideia 35%. A região do país na qual a proposta tem maior aceitação é o Nordeste (39%). Já na região Sul chega a 62% a taxa dos que são contra a decretação de feriados no início da semana.

A maior parte dos Brasileiros acha que existe a chance de acontecer um apagão, ou seja, o corte total de energia em determinados períodos do dia: para 24% essa chance é grande, para 30% ela é média e para 15%, pequena. Na opinião de 26% não existe chance de acontecer um apagão.

A maioria (69%) é contrário à privatização das empresas que administram os sistemas de energia elétrica promovidos pelo governo nos últimos anos. São favoráveis à privatização 22%.

A opinião contrária à privatização é maior nas cidades de Fortaleza (77%), Salvador, Florianópolis (76%, em cada), Curitiba (75%) no estado do Paraná (taxa idêntica à verificada na capital) e no Distrito Federal (72%). A opinião favorável fica acima da média nas cidades de São Paulo (28%) e Porto Alegre (27%) e nos estados de Pernambuco e Ceará (25%, em cada).