Maioria dos paulistanos defende cassação de ACM e Arruda

DE SÃO PAULO

A maioria dos paulistanos defende a cassação dos mandatos dos senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL) e José Roberto de Arruda (sem partido), envolvidos no caso de violação do painel eletrônico do Senado durante a votação para a cassação do senador Luiz Estevão, revela pesquisa realizada pelo Datafolha nesta sexta-feira, 27 de abril. A pesquisa mostra também que a maioria acha que o senador Antonio Carlos Magalhães foi falso em seu depoimento à Comissão de Ética do Senado e que cerca de metade acredita que foi dele a iniciativa de violar o painel eletrônico para ter acesso à lista com os votos dos senadores que participaram da sessão que cassou Luiz Estevão.

Além disso, o levantamento revela que a maioria dos paulistanos acredita que o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB), está envolvido em desvios de dinheiro na SUDAM e defende a criação de uma CPI para investigar o caso.

Nesse contexto de denúncias envolvendo alguns dos mais destacados integrantes do Senado, a avaliação da instituição piorou em relação à dezembro do ano passado.

O Datafolha ouviu 1075 paulistanos e a margem de erro é de, no máximo, três pontos percentuais, para mais ou para menos.

A grande maioria (84% em ambos os casos) dos paulistanos acha que tanto Antonio Carlos Magalhães quanto José Roberto Arruda merecem uma punição por sua participação na quebra de sigilo da votação no Senado.

Para 58% dos paulistanos Antonio Carlos Magalhães o senador deveria ter seu mandato cassado. Para 13% ele deveria ter seu mandato suspenso temporariamente e para 11% ele deveria receber uma advertência.

A defesa da cassação de Antonio Carlos Magalhães chega a 94% dos entrevistados que tomaram conhecimento da violação do painel do senado e se dizem bem informados a respeito. Tal punição tem o apoio de 71% dos simpatizantes do PSDB e de 69% dos petistas.

Os números são semelhantes no que se refere aos paulistanos que acham que José Roberto Arruda deve ser punido: para 56% deles o senador deve ser cassado. Para 14% ele deveria ter seu mandato suspenso temporariamente e para 12% ele deveria receber uma punição.

A cassação de Arruda é defendida por 93% dos entrevistados que tomaram conhecimento da violação do painel do senado e se dizem bem informados a respeito. A taxa dos que defendem a cassação do senador chega a 69% entre os simpatizantes do PSDB (partido do qual o senador se afastou após a divulgação da violação do painel do Senado) e a 66% entre os simpatizantes do PT.

Para 50% a iniciativa de violar o painel eletrônico do senado foi do então presidente da Casa, Antonio Carlos Magalhães. Na opinião de 12% a iniciativa foi da então diretora do Prodasen, Regina Borges, e para 5% foi do ex-líder do governo no senado, o senador José Roberto Arruda (sem partido).

A taxa dos que acreditam que a iniciativa foi de Antonio Carlos Magalhães chega a 71% entre os que tomaram conhecimento do caso e se dizem bem informados a respeito e a 65% entre os que assistiram a pelo menos parte do depoimento do senador à Comissão de Ética do Senado. Esse percentual é de 72% entre os paulistanos que têm renda familiar mensal superior a 20 salários mínimos e a 69% entre os que têm nível superior de escolaridade.

A maioria (53%) dos paulistanos não assistiu a pelo menos uma parte do depoimento do senador Antonio Carlos Magalhães à Comissão de Ética do Senado na última quinta-feira, 26 de abril.

Entre os paulistanos que assistiram ao depoimento do senador chega a 85% a taxa dos que acham que ele foi, de uma maneira geral, falso em sua exposição. Para 9% ele foi sincero e 6% não souberam responder.

Considerando o total da amostra (inclusive os entrevistados que não viram o depoimento do senador), a maioria (64%) acredita, com base no que viu ou soube, que o senador foi, de maneira geral, falso em seu depoimento. Para 9% ele foi sincero. Não souberam responder 26%.

O depoimento do senador José Roberto Arruda aconteceu durante a manhã e a tarde desta sexta-feira, 27 de abril, dia de realização da pesquisa, e por esse motivo não foi possível investigar a percepção dos paulistanos em relação à sua fala.

Na opinião de 49%, Antonio Carlos Magalhães deveria renunciar ao cargo de senador enquanto sua participação na violação do painel eletrônico do Senado é investigada. Para 28% ele deveria afastar-se temporariamente e para 14% ele deveria permanecer no cargo enquanto o caso é investigado.

Mais uma vez os percentuais são semelhantes no que se refere ao senador José Roberto Arruda: para 49% ele deveria renunciar ao cargo de senador enquanto sua participação na violação do painel eletrônico do Senado é investigada. Na opinião de 33% ele deveria afastar-se temporariamente e para 9% ele deveria permanecer no cargo enquanto o caso é investigado.

Para 43% o presidente Fernando Henrique Cardoso teve acesso à lista com os votos dos senadores. Para 38% ele não teve acesso e 19% não souberam dizer.

A maioria (72%) tomou conhecimento da violação do painel eletrônico do Senado, dos quais 24% se dizem bem informados, 35% mais ou menos informados e 12% mal informados a respeito. Não tomaram conhecimento 28% dos paulistanos.

Maioria acredita no envolvimento de Jader Barbalho nos desvios de dinheiro da SUDAM e defende CPI para investigar caso

A grande maioria (70%) dos paulistanos acredita que o presidente do Senado, Jader Barbalho, está envolvido em desvios de dinheiro da SUDAM. A criação de uma CPI para investigar esses desvios é apoiada por 89%. Na opinião de 95% o presidente do senado deveria ser cassado, no caso de comprovação dessas denúncias.

Para 40% o senador deveria renunciar à presidência do Senado enquanto as denúncias que envolvem seu nome nesses casos de corrupção são investigadas; percentual idêntico de paulistanos acha que ele deveria afastar-se temporariamente do cargo durante a investigação. Na opinião de 10% Jader Barbalho deveria permanecer no cargo.

As denúncias que envolvem o presidente do Senado, Jader Barbalho, em desvios de dinheiro da SUDAM são de conhecimento da maioria dos paulistanos: 67% dizem ter ciência dessas denúncias, dos quais 16% se dizem bem informados, 38% mais ou menos informados e 14% mal informados a respeito. Não tomaram conhecimento dessas denúncias 33%.