Maioria associa São Paulo a aspectos negativos

DE SÃO PAULO

19% dariam mais segurança de presente para a cidade

A primeira ideia que vem à cabeça de 75% dos moradores de São Paulo quando pensam na capital paulista está associada a aspectos negativos, sendo que as maiores menções são para a violência (33%), problemas gerais na cidade (16%), que envolve entre outros a falta de coleta de lixo (7%) - e desemprego (10%). Nota-se que na pesquisa de janeiro de 1997, a violência era citada por 17%, no ano passado essa taxa subiu para 29% e agora atinge 33%.

Os aspectos positivos correspondem a apenas 12% das respostas dos entrevistados. Os maiores destaques dessas citações estão relacionados a atributos gerais da cidade (6%), como o desenvolvimento e o progresso (2%) - e às oportunidades de trabalho e emprego (5%).

Os aspectos neutros englobam 10% das citações, com destaque para características da cidade (3%) e referências a lugares (1%).

As maiores taxas de entrevistados que fazem associações com aspectos negativos ocorrem entre moram nas zonas norte e sul da cidade (77%, cada). Entre os residentes na zona oeste, essa taxa cai para 67%.

Comparando-se esses resultados com os verificados em levantamento anteriores, verifica-se que em janeiro de 1997, 50% citavam aspectos negativos enquanto no ano passado, essa taxa saltou para 76%

Considerando-se o total das respostas dos entrevistados, na pesquisa atual os aspectos negativos saltam para 85% das citações, sendo que menções à violência correspondem a 51% e os problemas gerais da cidade a 29%.

Nessa situação, considerando-se o total de múltiplas respostas dos entrevistados, os aspectos positivos atingem 19% das menções e os neutros atingem 18%. Há um ano o total de ideias ligadas a aspectos negativos atingiu 82%, positivos 20% e neutros 10%.

Indagados sobre qual presente o entrevistado daria para a cidade de São Paulo, 19% ofereceriam segurança, 11% mencionaram presentes relacionados à administração pública, (como um bom prefeito;5%), 10% ofertariam mais trabalho e emprego, 8% ofereceriam mais limpeza nas ruas e 7% dariam apoio à população carente.

Há um ano, na gestão do ex-prefeito Celso Pitta, 17% afirmaram que dariam uma melhor administração pública para a cidade, 13% presenteariam a cidade com mais segurança e 9% ofereceriam mais emprego e trabalho.

*Para 35%, a cidade de São Paulo está pior do que nunca
Nota média para a cidade é 6,1. Em 2000 essa nota era 7,2*

A insatisfação dos entrevistados com a capital paulista também pode ser medida quando se pede a opinião sobre a atual situação da cidade. Segundo a pesquisa, 35% das pessoas afirmam que São Paulo está pior do que nunca, 29% acham que está ruim como sempre, 27% entendem que a cidade está boa como sempre e apenas 5% acham que está melhor do que nunca.

Porém, mesmo com esse cenário adverso, 88% dos entrevistados demonstram otimismo e acreditam que a cidade tem futuro, contra 10% que pensam o contrário.

A pesquisa também mostra que um quarto dos entrevistados (25%) afirma que está muito satisfeito em morar na cidade de São Paulo, 53% estão um pouco satisfeitos e 21% nada satisfeitos.

Observa-se que em relação às pesquisas anteriores, verifica-se que o grau de satisfação dos entrevistados em morar na capital paulista vem caindo significativamente. Há quatro anos, 41% se diziam muito satisfeitos em morar na cidade, 49% um pouco satisfeitos e 10% nada satisfeitos. Em janeiro de 2000, essas taxas totalizavam 30%, 53% e 17%, respectivamente.

Solicitados a atribuir uma nota de zero a dez para a cidade de São Paulo, 79% conferiram, no mínimo, a nota cinco - sendo que 14% atribuíram a nota máxima (dez) e 9% deram a menor nota (zero). A nota média verificada é 6,1.

No levantamento anterior, realizado há um ano, a nota média obtida para a cidade foi 7,2 e em janeiro de 1997, ela foi 7,39.

Três políticos e um apresentador de TV empatam, segundo a margem de erro da pesquisa, na escolha da personalidade que melhor representa a cidade de São Paulo. Na opinião de 10% dos entrevistados, o ex-prefeito Paulo Maluf é a personalidade que mais tem a cara da cidade. Outros 7% acham que a prefeita Marta Suplicy é quem melhor representa São Paulo, 6% escolheram o governador Mário Covas e 5% elegeram Silvio Santos como a "cara" de São Paulo.

Também foram citados a apresentadora Hebe Camargo e o cantor Roberto Carlos (3%, cada). A taxa dos que não souberam apontar qual a personalidade que melhor representa a cidade é de 25%.

Na pesquisa anterior, realizada em janeiro de 2000, Paulo Maluf ocupou isoladamente a primeira colocação com 11% das citações, Silvio Santos foi mencionado por 4%, Mário Covas 3% e o ex-prefeito Celso Pitta, o cantor Roberto Carlos, o ator Antonio Fagundes, o compositor Adoniram Barbosa e os apresentadores Hebe Camargo e Ratinho também foram citados com 2% cada.

Quanto à intenção de mudar da cidade de São Paulo, a maioria (61%) afirma que, se pudesse, trocaria de cidade, contra 38% que não mudariam para outro local. Em pesquisas anteriores, a parcela dos que queriam sair atingia 59% (em janeiro de 1997), subindo cinco pontos em janeiro de 2000 quando atingiu 64%.

O interior do estado aparece como o local favorito para 23% dos que afirmam que mudariam de cidade, mais abaixo aparecem o estado da Bahia com 7% das preferência e Minas Gerais com 6%.

Os entrevistados que demonstram mais fidelidade com a cidade são aqueles que moram na região central. Nesse segmento, 49% não mudariam da capital paulista. Por outro lado, 68% dos moradores que têm entre 26 e 40 anos trocariam de cidade.

A maioria dos entrevistados afirmou que prefere a cidade quando seus moradores estão viajando e ela fica vazia (56%), contra 42% que gostam da cidade quando ela está no seu ritmo normal.

Os que mais gostam de ver a cidade vazia são os mas escolarizados (70%) e aqueles que ganham acima de 20 SM (67%).

Quando têm oportunidade de sair da cidade, 16% afirmaram que saem todas as vezes, 50% saem algumas vezes e 33% preferem ficar na cidade. Entre os que afirmaram que não estão nada satisfeitos em morar em São Paulo essas taxas são de 20%, 44% e 35%, respectivamente. Já entre aqueles que estão muito satisfeitos em viver na capital paulista, 13% afirmam que saem todas as vezes que podem, 48% saem algumas vezes e 39% não deixam a cidade.

As maiores taxas dos que optam por ficar na cidade ocorrem entre os menos escolarizados (45%) e entre os mais velhos (41%).

Metade dos entrevistados (49%) acha que São Paulo é uma boa cidade para se viver apenas para as pessoas que têm dinheiro, contra 34% que a consideram ruim até mesmo para os que têm melhores condições financeiras. Outros 9% acham que é uma cidade boa para todas as pessoas.

No ano passado, a parcela dos que consideravam que a cidade de São Paulo é boa para se viver apenas para as pessoas que têm dinheiro era de 47% e 39% achavam que a cidade é ruim até mesmo para quem tem melhores condições financeiras.

*55% dos moradores de São Paulo não nasceram na cidade
Maior parte dos nordestinos veio da Bahia*

A pesquisa também revela que pouco mais da metade dos entrevistados (55%) não nasceu na cidade de São Paulo, sendo que 28% vieram de algum estado da região Nordeste (11% nasceram na Bahia) e 12% vieram do interior do estado de São Paulo. Apenas 2% afirmaram que nasceram no exterior.

Entre os entrevistados que não nasceram na capital, um terço (31%) está em São Paulo há mais de 30 anos, 44% estão na cidade entre dez e trinta anos e 25% há menos de dez anos.

A taxa dos estão há mais de trinta anos na capital atinge 56% entre aqueles que nasceram no interior do estado.

Em relação ao estado de origem dos pais do entrevistado, 82% responderam que o pai nasceu fora da capital e 16% têm pai paulistano. Essas taxas são praticamente as mesmas para o estado de origem da mãe das pessoas ouvidas (83% e 16%, respectivamente).

*Maioria (66%) dos paulistanos trabalharia como voluntário para melhorar a cidade
Maioria acha importante participação de moradores na recuperação da cidade*

A maioria (66%) dos moradores de São Paulo afirma que gostaria de trabalhar como voluntário para ajudar a melhorar a cidade, revela pesquisa realizada pelo Datafolha no dia 18 de janeiro. Foram entrevistados 1116 moradores, e a margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Destes, 21% dizem que gostariam de trabalhar voluntariamente na área da educação, -sendo que 8% se referem a trabalhar em escolas e creches e 7% se prontificariam a dar aulas e auxiliar em projetos de alfabetização. Fazem menções a projetos de auxílio à população carente 15%; dizem que gostariam de trabalhar voluntariamente na área da saúde 9%, enquanto estariam prontos a ajudar na limpeza da cidade 8%. Não gostariam de trabalhar como voluntários para ajudar a melhorar a cidade 34% dos entrevistados.

Gostariam de trabalhar como voluntários, em especial, os entrevistados que nasceram no estado de Minas Gerais (71%), têm renda familiar mensal entre 10 e 20 salários mínimos, moram na região central e na zona oeste, com idade entre 26 e 40 anos e que dizem estar muito satisfeitos em morar em São Paulo (70% dos entrevistados em cada um desses segmentos), além dos que têm nível superior de escolaridade (69%).

Indagados se já fizeram alguma coisa para cuidar da cidade de São Paulo, 40% respondem afirmativamente, dos quais 16% citam o fato de não jogar lixo no chão como uma boa ação para a cidade. Afirmam que ajudaram pessoas carentes 6%, enquanto 5% dizem que já participaram de mutirões de limpeza. A maioria (60%) diz que nunca fez nada para cuidar da cidade.

Na opinião de 80%, prefeitura, moradores e empresários são igualmente responsáveis pela melhoria da cidade. Para 13% essa responsabilidade é apenas da prefeitura (taxa que chega a 19% entre os menos escolarizados), 5% acham que essa responsabilidade é dos moradores e 2% pensam que os empresários é que devem ser responsáveis por isso.

A grande maioria acha que os empresários e as pessoas que moram em São Paulo fazem menos do que deveriam para melhorar a cidade: 85% pensam dessa maneira a respeito dos empresários, e 78% sobre os moradores da cidade. Quando indagados sobre si próprios, menos da metade (44%) acha que faz menos do que deveria pela cidade; 46% afirmam que fazem o suficiente e 9% acreditam fazer mais do que deveriam.

Quando se fala em maneiras de ajudar a cidade, grande parte dos entrevistados admite participar com sugestões ou trabalhos voluntários, mas é grande a resistência a contribuir financeiramente. A maioria afirma que estaria muito disposta a dar sugestões à prefeitura sobre o que deveria ser feito para melhorar a cidade (63%), a fiscalizar a administração (60%) ou a trabalhar como voluntário em entidades que ajudam necessitados (55%).

Cerca de metade (49%) dos paulistanos estariam muito dispostos a participar de mutirões para recuperar espaços públicos, como praças e parques. No entanto, 77% dizem que não estariam nada dispostos a pagar impostos mais altos, 59% não se disporiam a pagar uma nova taxa para recuperar a cidade e 45% não se mostram dispostos a pagar impostos atrasados.

A percepção do paulistano de que a participação dos moradores na recuperação da cidade é imprescindível fica evidente em outra pergunta feita pelo Datafolha. Foram apresentadas aos entrevistados algumas frases, e pediu-se a eles que dissessem se concordavam ou não com cada uma delas. Concordam com a ideia de que o morador deve mais ajudar na recuperação da cidade do que criticar 93% (70% concordam totalmente, 23% em parte); 92% concordam (65% totalmente e 27% em parte) que os moradores devem participar de trabalhos voluntários para ajudar na recuperação da cidade e 89% concordam (71% totalmente e 18% em parte) que, sem a ajuda dos moradores da cidade, não dá para recuperar São Paulo.

Quando confrontados com a frase "o morador tem o direito de criticar mesmo que não ajude diretamente", 38% afirmam concordar totalmente e 23% em parte; por outro lado, 25% discordam totalmente e 13% discordam em parte da frase.

Cerca de metade (52%) concordam totalmente com a frase segundo a qual os empresários é que devem ajudar a prefeitura na recuperação da cidade; um terço (32%) concordam em parte com essa afirmação e discordam dela 15% (6% discordam totalmente e 9% em parte).

A maioria também concorda com a afirmação de que o município deve pagar o que deve, mesmo que fique sem dinheiro para investir em projetos sociais: 36% concordam totalmente e 20% em parte. Discordam 41% (22% totalmente e 19% em parte).

*15% dos paulistanos afirmam ter sentido alguma diferença na cidade após posse de Marta Suplicy
Limpeza da cidade é mudança mais citada*

Entre os paulistanos, 15% afirmam ter sentido alguma diferença na cidade após o início da nova administração; não sentiram diferença 85%.A pesquisa foi realizada na terceira semana de trabalho da prefeita Marta Suplicy, no dia 18 de janeiro - 17 dias, portanto, após a posse. Afirmam ter sentido diferença na cidade principalmente os moradores que têm renda familiar mensal entre 10 e 20 salários mínimos e nível superior de escolaridade (20% em cada segmento) além dos que residem na zona oeste (19%).

Dos paulistanos que sentiram alguma diferença na cidade após a posse da prefeita, 6% afirmam que a cidade está mais limpa. É importante frisar que a pesquisa foi realizada antes da limpeza do Pacaembu, ato simbólico da nova administração, que acontece no sábado, dia 20.

Para 32% dos entrevistados, a prefeita está dando mais atenção à periferia da cidade, enquanto 25% acreditam que ela está sendo mais atenciosa com a região central. Na opinião de 3%, o centro e a periferia estão recebendo igual atenção da prefeita. No entanto, grande parte (40%) dos entrevistados não soube apontar qual área está recebendo mais atenção da atual administração.

Segundo 45%, Marta Suplicy está dando mais atenção aos bairros pobres; 18% acham que ela está sendo mais atenciosa com os bairros ricos. A exemplo do que ocorreu na pergunta citada acima, uma grande parcela (35%) também não soube responder à essa indagação. A percepção de que a prefeitura estaria dando mais atenção aos bairros mais pobres é especialmente mais forte entre os que ganham mais de 20 salários mínimos (58%) e com nível superior de escolaridade (52%).