Metade dos brasileiros não consegue citar nome de político honesto

DE SÃO PAULO

Lula é lembrado como honesto por 19%; Roberto Jefferson é listado como político desonesto por 14%

No momento em que o país vive uma grave crise política, causada, entre outros fatos, pelas denúncias de existência do chamado "mensalão", um suposto pagamento feito pelo governo Federal a parlamentares em troca de apoio, praticamente metade dos brasileiros não consegue citar o nome de um político honesto sequer: para 21%, não existe nenhum; 28% não sabem responder à indagação.

Esse é o principal resultado de pesquisa realizada pelo Datafolha, no último dia 21 de julho, em todo o país. Os entrevistados foram solicitados a citar o nome de três políticos honestos: o presidente Lula, apesar de estar vivendo a pior crise de seu governo, motivada por acusações de corrupção envolvendo seus assessores mais próximos e figuras de comando de seu partido, é citado por 19% dos brasileiros. Lula fica nove pontos à frente do prefeito de São Paulo, José Serra, do PSDB, citado por 10%, e 11 pontos à frente do governador paulista, o também peessedebista Geraldo Alckmin, mencionado por 8%.

Vêm a seguir, entre outros, citados como políticos honestos, três possíveis candidatos à Presidência em 2006: a senadora do PSOL, Heloisa Helena, com 5% de menções, o ex-governador do Rio de Janeiro, e possível candidato do PMDB a presidente, Anthony Garotinho, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ambos citados por 4% dos entrevistados.

O senador petista, Eduardo Suplicy, foi citado por 3%; o governador de Minas Gerais, e também apontado como possível candidato à Presidência pelo PSDB, Aécio Neves, o ministro da Fazenda, o petista Antonio Palocci, e o prefeito do Rio e pré-candidato do PFL a presidente, Cesar Maia, foram citados por 2% dos entrevistados, cada.

Entre os brasileiros com nível superior de escolaridade, as menções a Heloísa Helena chegam a 14%, o que a deixa empatada com o presidente Lula, citado por 16% na lista de políticos honestos elaborada pelos mais escolarizados.

Entre os que têm renda familiar mensal superior a dez salários mínimos a lista obedece a uma ordem numericamente diversa da que se verifica entre o total de entrevistados: Geraldo Alckmin (17%), Heloisa Helena (16%), José Serra (15%) e Lula (13%) disputam as três primeiras colocações. As menções a Eduardo Suplicy chegam a 10% entre os brasileiros de maior renda, sete pontos acima de sua média, e as citações a Fernando Henrique Cardoso vão a 8%, o dobro do que se registra entre o total de entrevistados.

Quando se trata de citar três políticos desonestos, 14% dos brasileiros lembram de Roberto Jefferson, que denunciou a existência do chamado "mensalão", mas que também é acusado de envolvimento em corrupção nos Correios. O ex-presidente Fernando Collor de Mello, afastado de seu cargo em 1992 por envolvimento em corrupção, é mencionado por 10%, percentual praticamente idêntico ao dos que citam o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (9%). O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, acusado por Jefferson de ser um dos principais responsáveis pelo "mensalão", é citado por 8%, mesmo percentual dos que citam o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho.

O presidente Lula aparece na lista de políticos desonestos com 7%, mesma taxa de citações atingidas pelo ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf. O ex-presidente do PT, José Genoíno, e o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, também envolvidos nas denúncias sobre o "mensalão", são citados por 5%, cada. O publicitário Marcos Valério, apesar de não ocupar nenhum cargo eletivo, é citado por 2%, percentual que se explica por ser ele um dos acusados de operar o "mensalão" e por ter sido destaque constante nos meios de comunicação desde que o escândalo veio à tona. José Serra, Antonio Palocci e José Serra são citados por 3% dos entrevistados, cada.

Não souberam citar os nomes de políticos desonestos 37%.

O Datafolha ouviu 2110 brasileiros, a partir de 16 anos de idade, e a margem de erro máxima para o levantamento é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

São Paulo, 26 de julho de 2005.