Às vésperas da cidade comemorar 450 anos, moradores de São Paulo estão mais satisfeitos e orgulhosos, apesar de violência e desemprego

DE SÃO PAULO

Pesquisa realizada pelo Datafolha com os moradores de São Paulo às vésperas do aniversário de 450 anos da cidade, revela que os moradores da cidade estão mais satisfeitos, apesar da violência e da falta de oportunidade de emprego, consideradas principais desvantagens da cidade. A propósito, seriam exatamente mais segurança e mais empregos os presentes que a população daria para a cidade em seu aniversário.

A preocupação com a segurança se reflete no fato de que os moradores da cidade defendem medias medidas mais rígidas no combate ao crime: crescem a defesa da pena de morte e da prisão perpétua e a tolerância com a tortura, por exemplo, assim como aumenta a confiança da população no trabalho da polícia.

O estudo do Datafolha permite uma leitura dos resultados por 19 áreas agregadas da cidade. Essa subdivisão é utilizada desde 1996, com o objetivo de identificar possíveis contrastes de opinião de acordo com a região de moradia dos entrevistados, e combina perfis socioeconômicos semelhantes (tendo como referência as variáveis de escolaridade e renda familiar mensal) e a proximidade geográfica dos distritos do município.

A área mais rica e escolarizada da cidade, a área 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi, que reúne Campo Belo, Consolação, Itaim Bibi, Jardim Paulista, Moema, Saúde e Vila Mariana. Lá, 43% têm renda familiar mensal acima de dez salários mínimos e 41% têm nível superior de escolaridade.

No extremo oposto está a área 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela, que compreende Campo Limpo, Capão Redondo, Cidade Dutra, Grajaú, Jardim Ângela, Jardim São Luís, Marsilac e Parelheiros. Nessa área 61% têm escolaridade fundamental e 94% têm renda familiar até 10 salários mínimos.

A análise dos hábitos de lazer e cultura mostram nítidos contrastes entre as áreas mais nobres e as que ficam na periferia. Em alguns casos, a frequência com que os moradores das áreas mais nobres praticam determinadas atividades de lazer chega a ser mais de três vezes maior do que a verificada entre os moradores das áreas periféricas.

A pesquisa também mostra que os moradores da cidade continuam gostando de feijão com arroz, apreciam principalmente música sertaneja, MPB e samba, e que o Corinthians é o time com maior número de torcedores.

A pesquisa do Datafolha é um levantamento por amostragem estratificada por sexo e idade com sorteio aleatório dos entrevistados. A população acima de 16 anos da cidade de São Paulo é tomada como universo da pesquisa.

Nesse levantamento realizado entre 19 de novembro e 03 de dezembro de 2003, foram realizadas 4509 entrevistas, com margem de erro máxima de 2 pontos percentuais para mais ou para menos considerando um nível de confiança de 95%. Isto significa que se fossem realizados 100 levantamentos com a mesma metodologia, em 95 os resultados estariam dentro da margem de erro prevista.

Essa pesquisa é uma realização da Gerência de Pesquisas de Opinião do Datafolha.

Cresce satisfação de morar em São Paulo
Oferta de trabalho é principal vantagem de morar na cidade; violência é a principal desvantagem

Segundo a pesquisa do Datafolha, o percentual de moradores de São Paulo que se dizem muito satisfeitos em morar na cidade é recorde: 46%, taxa 14 pontos acima da registrada em dezembro de 2001. Essa taxa é idêntica à dos que se dizem um pouco satisfeitos em morar na cidade - eram 51% na pesquisa anterior. Se declaram nada satisfeitos 7%, taxa dez pontos inferior à verificada em 2001.

Desde janeiro de 1997, quando a pergunta foi feita pela primeira vez, nunca tantos paulistanos demonstraram tal satisfação. Naquela ocasião, 41% dos entrevistados se diziam muito satisfeitos, 49% um pouco satisfeitos e 10% nada satisfeitos em morar na cidade.

O percentual dos que se diziam muito satisfeitos caiu para 30% em janeiro de 2000. Em 2001, o humor dos moradores da cidade oscilou a cada levantamento, e essa taxa passou a 25% em janeiro, voltou a crescer, para 32%, em abril, retornou a 25% em agosto (quando 27% se diziam nada satisfeitos, marca recorde) e chegou novamente a 32% em dezembro.

Os mais satisfeitos são os moradores da zona oeste e das áreas 2 - Sé/Brás (54%, em ambos os casos), 10 - Ipiranga/ Vila Prudente (52%), 13 - Sapopemba/ São Mateus (51%), 15 - São Miguel/ Itaim Paulista (49%), 17 - Perdizes/ Pinheiros (52%), 18 - Rio Pequeno/ Raposo Tavares (50%) e 19 - Morumbi/ Butantã (57%).

Os que mais se dizem nada satisfeitos são os moradores das áreas 1 - Santa Cecília/ Liberdade, 4 - Brasilândia/ Freguesia do Ó, 7 - Santo Amaro/ Jabaquara e 15 - São Miguel/ Itaim Paulista (10% em cada).

A nota média atribuída à cidade, em uma escala que vai de zero a dez, também é a maior registrada até hoje: 7,7. Cerca de um terço (29%) atribui à cidade a nota máxima.

A principal vantagem de morar na cidade de São Paulo continua sendo a oferta de trabalho. No entanto, essa imagem vem se dissipando nos últimos anos.

Em 1997, 51% dos entrevistados pelo Datafolha afirmavam que a principal vantagem de morar na capital paulista eram as oportunidades de trabalho. Em 2000, essa taxa caiu para 38% e hoje é de 32%.

Em segundo lugar vem o fato de São Paulo ser uma cidade na qual se encontra de tudo o que se precisa, de comércio diversificado, aspecto citado por 17%. Em 1997 esse atributo era citado por 15%, e em 2000 por 13%.

Mencionam a diversidade de opções de cultura e lazer 5% e opções para estudar 3%, mesma taxa dos que citam que São Paulo é um lugar para se ganhar dinheiro.

Para 12% não há vantagem alguma em morar em São Paulo e 9% não sabem citar qualquer vantagem.

Na área 17 - Perdizes/ Pinheiros as citações ao fato de ser uma cidade onde se encontra de tudo (30%) superam as menções a mais oportunidades de trabalho (24%). Nesta área, 15% (dez pontos acima da média) citam opções de lazer como principal vantagem da cidade.

Já a principal desvantagem da cidade citada pelos entrevistados continua sendo a violência, mencionada por 40%. Em 1997 e em 2000 esse aspecto foi mencionado por 39%.

O percentual de citações à falta de oportunidade de trabalho vem aumentando: era de 8% em 1997, passou a 11% em 2000 e chega hoje a 14%. Vêm a seguir poluição (6%), o trânsito (5%), o custo de vida (4%), o excesso populacional e a má qualidade do transporte coletivo (2%, cada).

Para 5%, a cidade não tem desvantagem alguma; 8% não sabem responder à indagação.

A violência é citada principalmente nas áreas 5 - Vila Maria/ Tucuruvi (45%), 7 - Santo Amaro/ Jabaquara (47%), 13 - Sapopemba/ São Mateus (46%) e 18 - Rio Pequeno/ Raposo Tavares (44%).

As citações à falta de oportunidades de trabalho ficam acima da média nas áreas 3 - Perus/ Pirituba (23%), 14 - Itaquera/ Guaianazes (20%), e 15 - São Miguel/ Itaim Paulista (17%).

Na área 2 - Sé/ Brás, as menções à poluição (17%) superam as que se referem à falta de emprego (11%). Os moradores da área 10 - Ipiranga/ Vila Prudente também têm uma preocupação com a poluição acima da média (12%).

O trânsito desagrada especialmente os moradores das áreas 1 - Santa Cecília/ Liberdade (12%), 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi (13%) e 17 - Perdizes/ Pinheiros (16%).

Nos bairros, violência é considerado principal problema
Educação é área de melhor desempenho da prefeitura

Indagados sobre qual o principal problema do bairro onde moram, 31% citaram a violência e a falta de segurança. Vêm a seguir como principais problemas o transporte coletivo (7%), o calçamento da cidade (5%), a saúde, o desemprego, o tráfico e o consumo de drogas e a limpeza e coleta do lixo (4%, cada).

A violência é citada principalmente pelos moradores dos bairros localizados na zona sul (34%) e nas áreas 7 - Santo Amaro/ Jabaquara (37%), 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela (35%), 13 - Sapopemba/ São Mateus (37%), 14 - Itaquera/ Guaianazes, 16 - Penha/ Vila Matilde e 19 - Morumbi/ Butantã (35%, cada).

O transporte coletivo é um problema especialmente para os moradores das áreas 3 - Perus/ Pirituba (13%), 12 - Vila Carrão/ Aricanduva (10%), 13 - Sapopemba/ São Mateus (13%), 14 - Itaquera/ Guaianazes e 17 - Perdizes/ Pinheiros (10%, cada).

As citações ao calçamento nos bairros são mais frequentes do que entre o total de entrevistados nas áreas 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela (8%) e 17 - Perdizes/ Pinheiros (9%).

Menções à coleta de lixo e à sujeira na cidade aparecem mais frequentemente nas áreas 2 - Sé/ Brás (14%), 1 - Santa Cecília/ Liberdade (12%), 11 - Mooca/ Tatuapé (7%) e 17 - Perdizes/ Pinheiros (9%).

Na área 3, também são mais frequentes as citações ao calçamento nos bairros (10%), os problemas nos setores da saúde (12%) e de saneamento básico (6%).

Embora a segurança pública não seja de responsabilidade da prefeitura, 10% afirmam que essa é a área na qual ela vem se saindo pior em seu bairro. A conservação do calçamento da cidade é citada por 8%, o transporte coletivo por 7% e a coleta de lixo por 6%. Atingem 5% das menções as áreas da saúde e da educação.

Para 12% a prefeitura vem se saindo pior em todas as áreas; 29% não sabem responder.

Indagados sobre qual é a área de melhor desempenho da prefeitura no bairro em que moram, 14% citam a educação. Vêm a seguir como áreas consideradas de melhor desempenho da administração municipal nos bairros a conservação do calçamento (7%), a coleta de lixo, o transporte coletivo (5%, cada), a construção, reforma e conservação de parques e praças e a área da saúde (3%, cada).

Para 43% a prefeitura não está fazendo nada de melhor pelo bairro; 8% não sabem responder à indagação.

As citações à educação como área de melhor desempenho da prefeitura chegam a 34% na área 3 - Perus/ Pirituba, vinte pontos acima da média. Na área 15 - São Miguel/ Itaim Paulista, as menções à educação atingem 25%, onze pontos acima da média. Também citam esse setor frequentemente os moradores das áreas 13 - Sapopemba/ São Mateus (19%), 14 - Itaquera/ Guaianazes (21%), 15 - São Miguel/ Itaim Paulista (25%) e 18 - Rio Pequeno/ Raposo Tavares (19%).

A conservação do calçamento é citada com mais frequência nas áreas 1 - Santa Cecília/ Liberdade (13%), 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela (12%), 13 - Sapopemba/ São Mateus, 15 - São Miguel/ Itaim Paulista (10%, cada) e 19 - Morumbi/ Butantã (11%).

A coleta de lixo é citada principalmente pelos moradores das áreas 1 - Santa Cecília/ Liberdade, 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi (10%, cada), 11 - Mooca/ Tatuapé (8%), 17 - Perdizes/ Pinheiros (11%), 18 - Rio Pequeno/ Raposo Tavares e 19 - Morumbi/ Butantã (10%, cada).

O transporte coletivo é mencionado com mais frequência pelos moradores das áreas 10 - Ipiranga/ Vila Prudente e 17 - Perdizes/ Pinheiros (8%, cada).

Moradores presenteariam cidade com segurança e mais empregos

Caso fossem dar um presente para a cidade de São Paulo, 21% a presenteariam com mais segurança, 11% ofertariam mais empregos e 9% ofereceriam melhorias no meio-ambiente, como, por exemplo, mais áreas verdes e redução da poluição.

Menções a itens relacionados à administração pública, como um bom prefeito e bons vereadores, atingem 7%. Em 2001 esse percentual era de 11%; um ano antes, em 2000, quando a cidade era governada por Celso Pitta, que enfrentou acusações de envolvimento em corrupção, essa taxa chegava a 17%.

Vêm a seguir na lista de presentes apoio à população carente (5%), melhoria do sistema de saúde, da infraestrutura da cidade, do sistema de educação e do transporte (2% de citações, cada).

A única área agregada na qual as menções à segurança não ficam em primeiro lugar é na área 3 - Perus/ Pirituba : lá, 19% dariam mais empregos para a cidade e 14% a presenteariam com mais segurança.

Maioria diz sentir orgulho do bairro onde mora
Sentimento de vergonha é maior entre os moradores das áreas Itaquera/ Guaianazes, Sapopemba/ São Mateus e Brasilândia/ Freguesia do Ó

A maioria (78%) dos moradores da cidade de São Paulo se diz orgulhosa de viver no bairro em que reside. Dizem sentir mais vergonha do que orgulho 17%.

Entre os moradores da área 17 - Perdizes/ Pinheiros o percentual dos que se dizem orgulhosos chega a 95%. Além deles, os que dizem sentir mais orgulho são os moradores das áreas 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi (89%), 6 - Santana/ Limão, 11 - Mooca/ Tatuapé (88%), 19 - Morumbi/ Butantã (86%), 10 - Ipiranga/ Vila Prudente, 16 - Penha/ Vila Matilde (84%, cada) e 18 - Rio Pequeno/ Raposo Tavares (81%).

Os que afirmam sentir mais vergonha do que orgulho se concentram principalmente nas áreas 14 - Itaquera/ Guaianazes (26%), 13 - Sapopemba/ São Mateus (24%), 4 - Brasilândia/ Freguesia do Ó (23%), 7 - Santo Amaro/ Jabaquara e 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela (21%, cada).

A média de tempo há que vivem no bairro é de aproximadamente 17 anos. Nas áreas 6 - Santana/ Limão e 11 - Mooca/ Tatuapé essa média é de cerca de 20 anos e na área 1 - Santa Cecília/ Liberdade é de aproximadamente 12 anos.

Dizem ter sempre morado no mesmo bairro 37%.

Maioria se diz satisfeita com residência onde mora
Tempo gasto no trânsito por dia é de aproximadamente duas horas

Cerca de um terço (32%) dos moradores da cidade de São Paulo considera sua residência um pouco (24%) ou muito (8%) melhor do que a maioria. Para 56% sua residência é igual à maioria das outras. Consideram a residência onde moram um pouco pior do que a maioria 8%, e muito pior 2%.

A nota média atribuída para a casa onde moram, em uma escala que vai de zero a dez, é 7,5. Para 27% sua casa merece nota dez.

A média de tempo gasto no trânsito por dia no mês anterior à pesquisa foi de aproximadamente duas horas. Na área 17 - Perdizes/ Pinheiros o gasto foi de aproximadamente quatro horas e na área 6 - Santana/ Limão de cerca de três horas.

Para 42% dos que gastaram tempo no trânsito, esse gasto foi muito prejudicial. Para 28% o tempo gasto no trânsito os prejudicou um pouco e para 30% não houve prejuízo.

Cai associação da cidade de São Paulo a aspectos negativos

A maioria (55%) dos moradores de São Paulo, quando questionados sobre a primeira ideia que lhes vem à cabeça quando pensam na cidade, a associam a aspectos negativos. Esse percentual, no entanto, é 20 pontos menor do que o verificado em janeiro de 2001, quando 75% faziam menções negativas.

A taxa dos que citam a violência caiu, nesse período, de 33% para 27%, e a dos que citam problemas de ordem geral da cidade passou de 16% para 5%. Citam o desemprego 8% e congestionamentos de trânsito 3%.

Por outro lado, a soma de citações de aspectos positivos cresceu de 12% para 17% e as menções de caráter neutro foram de 10% para 23%.

Entre os aspectos positivos são citados características gerais da cidade, de maneira positiva, como o fato de ser uma cidade desenvolvida, solidária (8%), empregos (4%) e opções de cultura e lazer (2%).

Para 89%, São Paulo é a locomotiva do Brasil

O Datafolha propôs algumas frases aos entrevistados para que dissessem, de cada uma, se concordam ou não. Concordam com a frase que classifica São Paulo como "a locomotiva do Brasil" 89% dos moradores da cidade (73% concordam totalmente, 16% concordam em parte). Eram 86% em janeiro de 2000 e 85% em janeiro de 1997. Discordam dessa frase 8%.

Afirmam concordar com a frase "os paulistanos se importam mais com seus problemas do que com os problemas dos outros" 67% dos entrevistados - eram 63% em 2000. Cerca de um terço (31%) discorda da frase.

Cerca de metade dos entrevistados (52%) concorda com a idéia de que os paulistanos trabalham mais do que os demais brasileiros. A concordância com essa frase vem caindo: em 1997, 59% concordavam com ela; em 2000 essa taxa era de 56%. A discordância com a frase era de 40% em 1997, passou a 42% em 2000 e chega agora a 46%.

Para 49% os outros brasileiros têm inveja dos paulistanos. Em 97 essa taxa era 50%, passando a 47% em 2000.

Por outro lado, a frase "os paulistanos têm inveja dos demais brasileiros é rejeitada por 71%; eram 74% em 1997 e 72% em 2000.

A maioria (59%) discorda da frase que diz que os paulistanos se julgam melhores que os demais brasileiros.

Concordam mesmo que em parte que "os paulistanos são bons, mas a cidade não", 45% dos entrevistados, contra 52% que discordam da afirmação.

Para 88% uma boa coisa do povo paulistano é a mistura de raças; 73% concordam totalmente com a afirmação. Discordam dessa frase 10% dos entrevistados.

A frase "se Deus fez raças diferentes é para que elas não se misturem" é rejeitada por 87%; 11% concordam com a afirmação.

Cresce orgulho de morar em São Paulo
Intenção de mudar da cidade vem caindo

O percentual de moradores de São Paulo que dizem sentir orgulho de viver na cidade chega a 83%, mostra a pesquisa do Datafolha. Essa taxa é 24 pontos superior à verificada em abril de 2000 (59%). Dizem sentir mais vergonha do que orgulho 12% (eram 37% em 2000).

É importante ressaltar que em abril de 2000 a cidade vivia o clima das acusações contra o então prefeito Celso Pitta. O então prefeito tinha sido acusado de envolvimento em corrupção por sua ex-esposa, Nicéia Pitta, e enfrentava pedidos de impeachment na Câmara Municipal.

A intenção de mudar da cidade vem caindo: hoje, 51% afirmam que, se pudessem, deixariam a cidade de São Paulo, taxa dez pontos inferior à verificada em janeiro de 2001. Não mudariam de cidade 47%.

Em 1997, 59% declaravam que, se tivessem a oportunidade, mudariam de São Paulo. Em 2000, essa taxa cresceu para 64%; um ano depois, 61% tinham essa intenção.

Demonstram intenção de deixar São Paulo principalmente os moradores das áreas 4 - Brasilândia/ Freguesia do Ó (54%), 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela (56%) e 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi (55%) e aqueles que moram na zona sul da cidade (55%). Os homens (55%), mais do que as mulheres (47%) dizem que mudariam de cidade se pudessem. Essa disposição também fica acima da média entre os entrevistados com idade entre 26 e 40 anos e entre os que pertencem às classes D e E.

Para 23%, parque do Ibirapuera é lugar que melhor representa a cidade
Na área Santana/ Limão, avenida Paulista é mais lembrada do que Parque

Para 23% dos moradores da capital, o Parque do Ibirapuera é o lugar que melhor representa a cidade de São Paulo. Essa taxa é quatro pontos superior à verificada em janeiro de 2000. Por outro lado, caiu a taxa dos que mencionam a Avenida Paulista, de 21% para 17%. O percentual dos que citam a região central da cidade, de modo geral, como local que melhor representa a cidade subiu de 4% para 9%. A Praça da Sé é citada por 7% e o Museu do Ipiranga por 2%.

Não sabem dizer que lugar melhor representa a cidade 14%.

As menções ao Parque do Ibirapuera chegam a 33% na área 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi, a 32% na área 7 - Santo Amaro/ Jabaquara e a 30% na área 1 - Santa Cecília/ Liberdade.

Na área 6 - Santana/ Limão a Avenida Paulista (29%) supera o Parque do Ibirapuera (20%). As menções à Avenida também são mais significativas nas áreas 17 - Perdizes/ Pinheiros (29%), 19 - Morumbi/ Butantã (24%) e 10 - Ipiranga/ Vila Prudente (21%), nas quais a Paulista empata, dentro da margem de erro, com o Parque do Ibirapuera.

Na área 10 - Ipiranga/ Vila Prudente, na qual se localiza o Museu do Ipiranga, as menções ao mesmo chegam a 7%.

As menções ao centro são mais frequentes na área 13 - Sapopemba/ São Mateus (14%). Nessa área a Praça da Sé também é mais lembrada, atingindo 11% das citações.

Quando se trata de beleza, o Parque do Ibirapuera não tem concorrentes. Para 44% ele é o local público mais bonito da cidade. Vêm a seguir, com percentuais expressivamente menores, a Avenida Paulista (7%), a Praça da Sé, o Museu do Ipiranga (4%, cada), o Centro (3%) e o Teatro Municipal (2%).

Na área 17 - Perdizes/ Pinheiros as menções ao Teatro Municipal chegam a 12%, dez pontos acima da média.

Já o lugar mais feio divide opiniões. Os mais citados são a Praça da Sé, o Centro (5%, cada), o rio Tietê, o Parque Dom Pedro (3%, cada)o bairro do Brás, a Estação da Luz e a Praça da República (2%, cada). As favelas, de um modo geral, são citadas por 6%. Não sabem opinar a respeito de qual é o lugar mais feio da cidade 27%.

Memorial da América Latina, Teatro Municipal e Masp nunca foram visitados pela maioria dos moradores da cidade

O Datafolha perguntou aos entrevistados se conheciam 12 determinados lugares da cidade de São Paulo e, em caso afirmativo, se já tinham estado lá. A maioria conhece todos eles. O menos conhecido é o Páteo do Colégio: já ouviram falar do local 70%.

Os locais mais visitados pelos moradores da cidade de São Paulo são a Praça da Sé (97%), a Avenida Paulista (94%), a Estação da Luz (89%), a Praça da República (88%) e o Parque do Ibirapuera (85%). Vêm a seguir o Mercado Municipal, o Museu do Ipiranga (63%, cada), o Estádio do Pacaembu (52%) e o Páteo do Colégio (49%).

A maioria (67%) dos moradores da cidade nunca esteve no Memorial da América Latina (67%). O mesmo ocorre em relação ao Teatro Municipal (60% nunca estiveram lá) e ao MASP (54%).

Nunca estiveram no Memorial da América Latina principalmente os moradores das áreas 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela (82%), 7 - Santo Amaro/ Jabaquara, 19 - Morumbi/ Butantã (77%), 16 - Penha/ Vila Matilde (75%), 10 - Ipiranga/ Vila Prudente, 12 - Vila Carrão/ Aricanduva, (73%, cada), 15 - São Miguel/ Itaim Paulista (72%), 14 - Itaquera/ Guaianazes e 13 - Sapopemba/ São Mateus (71%, cada).

O Teatro Municipal nunca recebeu a visita, principalmente, dos moradores das áreas 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela (69%), 15 - São Miguel/ Itaim Paulista (68%), 7 - Santo Amaro/ Jabaquara (66%), 14 - Itaquera/ Guaianazes (65%), 3 - Perus/ Pirituba, 12 - Vila Carrão/ Aricanduva, 19 - Morumbi/ Butantã (64%, cada) e 10 - Ipiranga/ Vila Prudente (63%).

Os percentuais mais expressivos de moradores da cidade que nunca estiveram no MASP são verificados nas áreas 15 - São Miguel/ Itaim Paulista (64%), 3 - Perus/ Pirituba, 12 - Vila Carrão/ Aricanduva (63%), 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela (61%), 13 - Sapopemba/ São Mateus, 14 - Itaquera/ Guaianazes e 19 - Morumbi/ Butantã (58%).

Na tabela abaixo estão os resultados para o grau de conhecimento de cada local investigado e os percentuais de entrevistados que já estiveram em cada lugar, considerando o total de moradores da cidade e apenas os que já ouviram falar de cada um deles.

Área de Vila Mariana/ Itaim Bibi tem imagem mais positiva
Capão Redondo/ Jardim Ângela, Itaquera/ Guaianazes e Brasilândia/ Freguesia do Ó são áreas com pior imagem

O Datafolha indagou os moradores da cidade sobre algumas características dos bairros da cidade. Como as respostas foram muito fragmentadas, elas foram agrupadas nas áreas agregadas em que a amostra foi dividida.

A pesquisa mostra que os moradores da cidade têm imagens nitidamente opostas em relação a determinadas áreas da cidade, especialmente entre a área 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi, que tem moradores com perfil de maior renda e escolaridade, e áreas localizadas em regiões mais pobres, notadamente as áreas 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela, 14 - Itaquera/ Guaianazes e 4 - Brasilândia/ Freguesia do Ó.

A área 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi, está entre as que possuem bairros considerados mais tranqüilos, bonitos, modernos, ricos, com mais opções de lazer e com os nomes mais bonitos.

Já as áreas 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela, 14 - Itaquera/ Guaianazes e 4 - Brasilândia/ Freguesia do Ó estão entre as áreas que possuem bairros com imagem de mais violentos, feios, pobres, com menos opções de lazer e com nomes mais feios.

Para 19% o local mais violento da cidade é a área 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela. Entre os moradores dessa área essa é a opinião de 39%. A área 4 - Brasilândia/ Freguesia do Ó é considerada a mais violenta por 16% (43% dos moradores da mesma área pensam assim). Citam a área 14 - Itaquera/ Guaianazes 10%.

Já os locais considerados mais tranqüilos são as áreas 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi (8%) e 19 - Morumbi/ Butantã (5%). São citadas por 4% as áreas 5 - Vila Maria/ Tucuruvi e 11 - Mooca/ Tatuapé.

As áreas mais citadas como as que possuem os bairros mais bonitos da cidade são a área 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi (18%) e 19 - Morumbi/ Butantã (11%). As áreas com mais bairros considerados feios são a 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela (10%), a 4 - Brasilândia/ Freguesia do Ó e a 14 - Itaquera/ Guaianazes (9%, cada).

As áreas 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi e 19 - Morumbi/ Butantã são consideradas as mais modernas da cidade por 14% e 10%, respectivamente. As duas áreas consideradas mais antiquadas se localizam na região central: a área 2 - Sé/ Brás (8%) e a área 1 - Santa Cecília/ Liberdade (5%). A área 11 - Mooca/ Tatuapé é citada como a mais antiquada por 4%.

Para 36% a área mais rica da cidade é a área 19 - Morumbi/ Butantã; 13% consideram a área 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi a mais rica. As áreas consideradas mais pobres são: 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela (12%), 14 - Itaquera/ Guaianazes (11%) 4 - Brasilândia/ Freguesia do Ó (8%).

No que diz respeito a opções de lazer, a área 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi é líder inconteste, com 27% das menções. As áreas que têm menos opções de lazer, na percepção dos entrevistados, são a 14 - Itaquera/ Guaianazes (8%), a 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela (7%), 4 - Brasilândia/ Freguesia do Ó e 15 - São Miguel/ Itaim Paulista (5%, cada).

Os bairros com nomes mais bonitos estão localizados na área 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi para 15% dos entrevistados. Os nomes mais feios, na opinião dos entrevistados, estão nas áreas 4 - Brasilândia/ Freguesia do Ó (7%) e na área 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela (6%).

Para 8%, Paulo Maluf tem a cara de São Paulo
Ex-prefeito é citado como político que mais contribuiu tanto para melhorar quanto para piorar qualidade de vida na cidade

Indagados sobre qual pessoa famosa tem mais a cara de São Paulo, 8% citam o ex-prefeito Paulo Maluf. O empresário e apresentador de TV Silvio Santos é citado por 5% e a prefeita Marta Suplicy é citada por 4%. Vêm a seguir a apresentadora de TV Hebe Camargo (mencionada por 3%), o governador Geraldo Alckmin, o presidente Lula, os cantores Adoniram Barbosa, Roberto Carlos e Netinho, o empresário Antonio Ermírio de Moraes e o apresentador Ratinho (2% de citações, cada).

Não sabem dizer quem é a pessoa famosa que mais tem a cara de São Paulo 26%.

Para 26%, Paulo Maluf foi o político que mais contribuiu para melhorar a qualidade de vida dos moradores da cidade. Marta Suplicy é citada por 11% e o ex-governador Mário Covas é mencionado por 9%. Vêm a seguir Geraldo Alckmin, a ex-prefeita Luiza Erundina (citados por 5%, cada), o ex-presidente Jânio Quadros, Lula (4%, cada) e o ex-governador Orestes Quércia (2%). Para 13%, nenhum político contribuiu para melhorar a qualidade de vida dos moradores da cidade; 12% não sabem responder à indagação.

As citações a Paulo Maluf como político que mais contribuiu para melhoria da qualidade de vida na cidade são mais frequentes nas área 5 - Vila Maria/Tucuruvi, (34%), na área 6 - Santana/Limão, (34%), na área 10 - Ipiranga/ Vila Prudente (32%), 11 - Mooca/ Tatuapé (31%) e na área 18 - Rio Pequeno/ Raposo Tavares (30%). Marta Suplicy se destaca nas áreas 3 - Perus/ Pirituba (19%), 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela, 13 - Sapopemba/ São Mateus (16%), 19 - Morumbi/ Butantã (15%), 14 - Itaquera/ Guaianazes e 15 - São Miguel/ Itaim Paulista (14%).

Maluf também aparece no topo da lista quando se fala sobre o político que mais contribuiu para piorar a qualidade de vida na cidade: citado por 21%, ele empata com o ex-prefeito Celso Pitta, mencionado por 18% e que, por sua vez, empata com Marta Suplicy, citada por 15%. Vêm a seguir Luiza Erundina (7%), os ex-presidentes Fernando Collor de Mello (5%) e Fernando Henrique Cardoso (4%), Lula (3%) e Orestes Quércia (2%). Não sabem responder 14% dos entrevistados.

Nesse caso, as menções a Maluf ocorrem mais frequentemente nas áreas 1 -Santa Cecília/ Liberdade (26%), 3 - Perus/ Pirituba (27%), 12 - Vila Carrão/ Aricanduva (26%) e 17 - Perdizes/ Pinheiros (32%).

As citações a Celso Pitta também são mais recorrentes nas áreas 1 (26%) e 3 (22%), e nas áreas 10 - Ipiranga/ Vila Prudente (24%) e 18 - Rio Pequeno/ Raposo Tavares (29%).

Marta Suplicy é citada principalmente nas áreas 5 - Vila Maria/ Tucuruvi (19%), 6 - Santana/ Limão (18%), 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi (20%) e 19 - Morumbi/ Butantã (23%).

47% nasceram na cidade
Dos moradores das áreas de Vila Maria/Tucuruvi e Penha/Vila Matilde, 57% nasceram na capital

Declaram ter nascido na cidade de São Paulo 47% dos moradores entrevistados pelo Datafolha. Declaram ter nascido em outra cidade 53%, dos quais 11% nasceram no estado de São Paulo e 42% em outra unidade da Federação.

Dos que não nasceram na capital paulista, 11% nasceram em outras cidades do estado; percentual idêntico nasceu no estado da Bahia. Vêm a seguir, como estados de origem dos moradores da cidade, entre outros, Minas Gerais, Pernambuco (7%, cada), Ceará (3%), Paraná, Paraíba, Alagoas (2%, cada). Declaram ter nascido em outro país 1% dos entrevistados.

Afirmam ter nascido na cidade principalmente os moradores das áreas 5 - Vila Maria/ Tucuruvi, 16 - Penha/ Vila Matilde (57% em cada), 6 - Santana/ Limão, 11 - Mooca/ Tatuapé (52%, cada), 4 - Brasilândia/ Freguesia do Ó (51%) e 17 - Perdizes/ Pinheiros (50%).

Pessoas nascidas em outras cidades do estado são encontradas principalmente nas áreas 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi (21%), 1 - Santa Cecília/ Liberdade, 11 - Mooca/ Tatuapé, 17 - Perdizes/ Pinheiros (20%, cada), 6 - Santana/ Limão (16%), 10 - Ipiranga/ Vila Prudente (15%) e 12 - Vila Carrão/ Aricanduva (14%).

Nasceram na Bahia especialmente os moradores das áreas 2 - Sé/ Brás, 15 - São Miguel/ Itaim Paulista (15% em cada) e 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela (14%).

Os mineiros são encontrados mais frequentemente nas áreas 18 - Rio Pequeno/ Raposo Tavares (12%) e 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela (10%).

Na área 3 - Perus/ Pirituba a taxa de pernambucanos é de 14%, o dobro do verificado entre o total de entrevistados. Nessa área também se destacam os que dizem ter nascido em outro país (4%).

Quando se trata dos pais dos entrevistados, verifica-se que a maioria nasceu em outras cidades: apenas 15% afirmam que seu pai nasceu na capital e 16% dizem que sua mãe nasceu aqui.

Os moradores da cidade de São Paulo têm pais que vieram, principalmente, de outras cidades do estado (13%), de Minas Gerais (14%), da Bahia (13%), de Pernambuco (11%), do Ceará (5%), de Alagoas, Paraíba (3%, cada), da Bahia, do Paraná e do Piauí (2%, cada). A origem das mães dos entrevistados é semelhante.

Afirmam que o pai nasceu em outro país 5%; têm mãe estrangeira 4%.

Entre os que não nasceram na cidade de São Paulo a média de tempo há que vivem na cidade é de aproximadamente 24 anos. Chega a 33% a taxa dos que afirmam viver na cidade há mais de 30 anos.

Arroz com feijão é comida preferida de 34%

A tradicional mistura de arroz com feijão é a comida preferida dos moradores da cidade de São Paulo, revela a pesquisa do Datafolha. Indagados sobre sua preferência na hora de comer, 34% citaram, espontaneamente, arroz com feijão. Vêm a seguir macarrão, de modo geral, e lasanha, com 15% das menções, cada. Dizem que preferem feijoada 7%; pizza é citada por 3%. Atingem 2% das menções, cada, churrasco, saladas e strogonoff.

Preferem arroz e feijão principalmente os moradores das áreas 13 - Sapopemba/ São Mateus, 15 - São Miguel/ Itaim Paulista, 18 - Rio Pequeno/ Raposo Tavares (43% em cada), 3 - Perus/ Pirituba (39%), 4 - Brasilândia/ Freguesia do Ó e 12 - Vila Carrão/ Aricanduva (37%, cada).

Macarrão faz mais sucesso nas áreas 17 - Perdizes/ Pinheiros (20%), 3 - Perus/ Pirituba e 14 - Itaquera/ Guaianazes (19%, cada).

Lasanha é citada como comida preferida por 21% dos moradores da área 12 - Vila Carrão/ Aricanduva e por 18% dos que moram na área 16 - Penha/ Vila Matilde.

Na área 1 - Santa Cecília/ Liberdade, 14% citam feijoada como prato favorito, o dobro do registrado entre o total de entrevistados. Nessa área, a preferência por pizza também é mais significativa (8%). O mesmo ocorre na área 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi, onde as citações a pizza chegam a 10%.

Além de ser a comida preferida de parte expressiva dos moradores da cidade, a mistura arroz e feijão é o que se come com mais frequência no dia a dia, sendo essa a resposta de 76% dos entrevistados.

Vêm a seguir, bem atrás, macarrão (6%), salada, churrasco e frango (2%, cada). Atingem 1% das menções lasanha, o clássico comercial (mais uma vez arroz com feijão, acompanhado de carne, salada ou fritas), pizza e batatas fritas.

Música sertaneja, MPB e samba são estilos musicais favoritos

Quando se trata de música, os moradores da cidade de São Paulo preferem o estilo sertanejo (19%), MPB (15%) e samba, no qual se inclui o pagode (14%). Vêm a seguir rock (9%), música evangélica ou gospel (7%), música romântica de modo geral, forró (5%, cada), música clássica ou erudita, rap e pop, de modo geral (3%, cada). Dizem não ter um gênero musical favorito 6%.

A pesquisa mostra alguns contrastes dignos de nota entre os segmentos pesquisados.

Entre os moradores da cidade com idade entre 16 e 25 anos, por exemplo, samba e rock empatam, com 20% das preferências, cada. MPB e música sertaneja, com 9% e 6%, respectivamente, ficam abaixo da média. Entre os que têm 41 anos ou mais, a preferência por música sertaneja chega a 28%, nove pontos acima da média.

A música sertaneja também conta com mais seguidores entre os que têm escolaridade fundamental (30%), os que fazem parte das classes D e E (27%) e aqueles que têm renda familiar de até cinco salários mínimos por mês (22%).

A preferência por MPB chega a 37% entre os que têm escolaridade superior, a 27% entre aqueles com rendimentos mensais superiores a dez salários mínimos e a 24% entre os que fazem parte das classes A e B. O rock também fica acima da média nesses segmentos (13% das preferências entre os mais escolarizados, 15% entre os de maior renda e 14% entre os que fazem parte das classes A e B), e é mais popular entre os homens (13%) do que entre as mulheres (6%).

Nas classes D e E a preferência por música religiosa, incluída aí a evangélica (ou gospel) chega a 11%. Nesse segmento as citações ao forró também ficam acima da média, atingindo 9%, mesmo percentual obtido por esse gênero musical entre os menos escolarizados. Já entre os mais escolarizados, a preferência por música clássica ou erudita atinge 8%.

Levando-se em conta as áreas agregadas em que a amostra foi dividida percebe-se que a preferência por música sertaneja é mais significativa em sete das dezenove. São elas: 18 - Rio Pequeno/ Raposo Tavares (25%), 3 - Perus/ Pirituba, 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela (24% em cada), 10 - Ipiranga/ Vila Prudente, 12 - Vila Carrão/ Aricanduva, 14 - Itaquera/ Guaianazes (23%, cada) e 13 - Sapopemba/ São Mateus (22%).

Em quatro áreas a MPB fica em primeiro lugar, de maneira indiscutível, como gênero favorito. Na área 1 - Santa Cecília/ Liberdade as citações a MPB como gênero musical favorito chegam a 34%, 19 pontos acima da média. Na área 17 - Perdizes/ Pinheiros essa taxa é de 29%, e na área 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi de 26%, 14 e 11 pontos acima da média, respectivamente. Na área 11 - Mooca/ Tatuapé 22% preferem MPB.

Na área 19 - Morumbi/ Butantã, MPB (19%) e música sertaneja (15%) empatam, em virtude da margem de erro da pesquisa.

O rock tem mais apreciadores em três áreas da zona leste: 11 - Mooca/ Tatuapé (14%), 12 - Vila Carrão/ Aricanduva (13%), e 15 - São Miguel/ Itaim Paulista (12%). Na área 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi o rock também fica acima da média, com 13% de citações.

Na área 17 - Perdizes/ Pinheiros as menções a música eletrônica, que são de 1% entre o total de entrevistados, chegam a 4%.

Corinthians é o time preferido de 33%

O Corinthians vem sendo, ao longo dos últimos dez anos, o time de preferência de pelo menos um terço dos moradores da cidade de São Paulo, deixando em segundo plano seus maiores adversários na capital, São Paulo e Palmeiras.

A supremacia corintiana só foi ameaçada em 1993, quando dividiu a liderança na preferência com o São Paulo.

Nos anos seguintes o Corinthians assumiu a liderança de maneira isolada, vivendo seu melhor momento em 1998, quando 38% dos moradores da cidade de São Paulo citavam o time do Parque São Jorge como seu favorito.

Hoje, indagados sobre seu time de preferência, 33% dos moradores da capital paulista citam o Corinthians. O segundo colocado na preferência dos moradores da cidade é o São Paulo, citado por 20%. O Palmeiras vem em terceiro, com 15% das menções. O time do litoral paulista, Santos (7%), e o carioca Flamengo (2%) vêm a seguir.

Um em cada cinco paulistanos (20%) afirma não ter um time de preferência.

O Corinthians é o líder isolado em 17 das 19 áreas agregadas em que a cidade foi dividida para este estudo.

Na área 19 - Morumbi/ Butantã, no entanto, onde se localiza o estádio do São Paulo, ocorre empate entre o time tricolor (30%) e a equipe alvinegra (26%). Também ocorre empate entre as duas equipes na área 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela, onde o Corinthians é citado por 24% (nove pontos percentuais abaixo da média) e o São Paulo por 22%.

Das seis áreas agregadas localizadas na zona leste da cidade, região de origem do alvinegro do Parque São Jorge, a preferência pelo Corinthians se destaca em cinco: nas áreas 11 - Mooca/ Tatuapé, 12 - Vila Carrão/ Aricanduva (43% em cada), 16 - Penha/ Vila Matilde (39%), 14 - Itaquera/ Guaianazes (37%) e 15 - São Miguel/ Itaim Paulista (36%).

A exceção fica por conta da área 13 - Sapopemba/ São Mateus. Lá, o percentual dos que citam o Corinthians é idêntico ao verificado entre o total de entrevistados (33%). Nessa área, quem se destaca é o Santos, citado por 15%.

O Palmeiras se sai melhor nas áreas 17 - Perdizes/ Pinheiros (21%) e 6 - Santana/ Limão (20%).

Maioria não pratica atividade física
Menos sedentários moram nas áreas Vila Mariana/ Itaim Bibi, Perdizes/ Pinheiros e Santa Cecília/ Liberdade

A maioria (56%) dos moradores da cidade de São Paulo afirma não praticar qualquer atividade física.

Verifica-se maior sedentarismo entre os moradores da cidade que fazem parte das classes D e E (71% não praticam qualquer tipo de atividade física), que têm nível fundamental de escolaridade (67%), renda familiar mensal até cinco salários mínimos (62%), as mulheres e os entrevistados com 41 anos ou mais (64% em cada segmento).

Analisando-se os resultados por áreas agregadas, percebe-se que os mais sedentários são os moradores das áreas 19 - Morumbi/ Butantã (63%), 3 - Perus/ Pirituba (62%), 4 - Brasilândia/ Freguesia do Ó, 15 - São Miguel/ Itaim Paulista (61%), 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela, 13 - Sapopemba/ São Mateus (60%, cada), 12 - Vila Carrão/ Aricanduva e 18 - Rio Pequeno/ Raposo Tavares (59%, cada).

Os menos sedentários são os que moram nas áreas 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi (35%), 1 - Santa Cecília/ Liberdade (47%) e 17 - Perdizes/ Pinheiros (42%).

As atividades mais citadas pelos que praticam alguma são caminhada (16%) e futebol (13%). Vêm a seguir futebol ginástica, musculação (4%, cada), ciclismo (3%), natação, vôlei, corrida e dança (2%, cada).

Na área onde há menos sedentários na cidade, a área 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi, são citadas com mais frequência as seguintes atividades: caminhadas (25%), ginástica (11%), musculação (10%) e corrida (8%). A prática de futebol atinge 16% na área 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela.

30% costumam viajar a lazer para outros estados

Um terço (30%) dos moradores da cidade de São Paulo costuma viajar a lazer para outros estados do Brasil. A maior parte deles (15%) costuma faze-lo uma vez por ano. A maioria (70%) não têm esse costume.

Na área 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi chega a 49% o percentual dos que costumam viajar para outros estados a passeio; na área 17 - Perdizes/ Pinheiros essa taxa é de 46%. Também ficam acima da média, como viajantes habituais, os moradores das áreas 1 - Santa Cecília/ Liberdade (41%), 2 - Sé/Brás, 11 - Mooca/ Tatuapé (39%, cada), 7 - Santo Amaro/ Jabaquara (37%), 19 - Morumbi/ Butantã (35%) e 18 - Rio Pequeno/ Raposo Tavares (33%).

Viajar para outros países é um hábito mais restrito: apenas 3% dos moradores da cidade afirmam que costumam sair do país a passeio. Na área 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi essa taxa chega a 18%; na área 17 - Perdizes/ Pinheiros, 9% costumam viajar a lazer para outros países.

Hábitos de lazer revelam contrastes

A análise de alguns hábitos de lazer dos paulistanos investigados pelo Datafolha permite a percepção de contrastes marcantes entre as diversas áreas da cidade, que ajudam a entender as diferenças sociais na capital.

A pesquisa mostra que ir a shopping centers, visitar parques públicos ou jardins e ir a restaurantes são alguns dos hábitos de lazer mais praticados pelos moradores da cidade de São Paulo como um todo.

Por outro lado, ir ao teatro, freqüentar clubes e academias de ginásticas, ir a exposições e visitar livrarias são hábitos muito mais freqüentes entre os moradores de áreas com maior renda e escolaridade, em especial as áreas 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi e 17 - Perdizes/ Pinheiros. A freqüência com que os moradores dessas áreas declaram praticar essas atividades é no mínimo 100% maior do que a verificada entre o total de entrevistados.

Além disso, o estudo mostra dois extremos. De um lado, os habitantes das áreas 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi e 17 - Perdizes/ Pinheiros, que costumam desfrutar das práticas de lazer investigadas com freqüência significativamente maior do que o restante dos moradores da cidade. Do outro, os moradores das áreas 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela, 15 - São Miguel/ Itaim Paulista e 3 - Perus/ Pirituba, localizadas nas periferias sul, leste e oeste da capital, que têm hábitos de lazer muito menos freqüentes. Em alguns casos, a freqüência com que os moradores das áreas mais nobres praticam determinadas atividades chega a ser mais de três vezes maior do que a verificada entre os moradores das áreas periféricas.

De maneira resumida, pode-se dizer que a pesquisa constata o que já se presume, ilustrando essa realidade quantitativamente: os moradores das áreas mais ricas se divertem mais e melhor do que os moradores das áreas mais pobres da cidade.

Do total de entrevistados 69% afirmam que têm o hábito de ir a shopping centers, sendo que, desses, 21% o fazem uma vez ou mais por semana. Freqüentam parques públicos 64% e restaurantes 57%.

Metade (50%) dos entrevistados costuma alugar fitas de vídeo; 24% o fazem uma vez ou mais por semana. Costumam ir ao cinema 47%, dos quais 15% vão uma vez por mês.

Afirmam que têm o hábito de viajar nos finais de semana 42% e ir a bares 40%.

Frequentam shows 36%, vão a livrarias 33% e participam de debates, palestras ou cursos 31%.

Costumam frequentar exposições 29%, danceterias ou boates 28%, jogos e eventos esportivos 27%, teatro 24%, clubes e academias de ginástica 19%. Têm o hábito de alugar DVDs 18%.

Ir ao teatro é, dentre os hábitos investigados, um dos mais elitizados: do total de entrevistados, 24% costumam ver peças teatrais. Na área 17 - Perdizes/ Pinheiros, 54% têm esse hábito, contra 14% na área 15 - São Miguel/ Itaim Paulista. Ou seja, os moradores da área de Perdizes/ Pinheiros vão ao teatro com uma freqüência 125% maior do que o total dos moradores da cidade e quase quatro vezes maior do que os moradores da área de São Miguel/ Itaim Paulista.

Freqüentar clubes e academias de ginástica é um hábito de 19% dos moradores da cidade. Na área 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi essa taxa chega a 39%, 105% a mais do que a média e 325% maior do que na área 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela (12%).

Cerca de um terço (29%) dos moradores da cidade costuma ir a exposições. Na área 17 - Perdizes/ Pinheiros essa taxa é de 59% (o dobro do verificado no total da amostra). Nas áreas 8 -Capão Redondo/ Jardim Ângela e 15 - São Miguel/ Itaim Paulista, 18% têm esse hábito, outra vez taxa mais de três vezes menor do que o registrado na área 17.

Ir a livrarias é um hábito para 66% dos moradores da área 17 - Perdizes/ Pinheiros, o dobro do registrado entre o total de entrevistados (33%) e mais que o triplo do verificado na área 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela (20%).

Parques públicos são uma opção de lazer para 64% dos moradores da cidade, sendo o segundo colocado na lista de hábitos mais costumeiros. No entanto, o percentual de moradores da área 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi que afirmam ir a esses locais (87%) é quase o dobro da taxa verificada na área 15 - São Miguel/ Itaim Paulista (45%).

Os hábitos de lazer nos quais se verificam contrastes menos expressivos, na comparação entre os percentuais verificados nas 19 áreas agregadas, são frequentar shopping centers, bares, ir a jogos e eventos esportivos, e alugar fitas de vídeo.

Ainda assim, é significativa a diferença entre a freqüência com que os moradores das áreas mais nobres praticam esses hábitos em relação ao total da amostra e aos que residem nas áreas periféricas.

Ir a shopping centers é, de todos os hábitos investigados, o mais popular, compartilhado por 69% dos moradores da cidade. A freqüência com que os moradores da área 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi, 87% costumam ir a shopping centers, no entanto, é 64% maior do que a com que os moradores das áreas 3 - Perus/ Pirituba e 15 - São Miguel/ Itaim Paulista (53%) vão a esses locais.

Nas áreas 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi e 17 - Perdizes/ Pinheiros, 58% têm o hábito de freqüentar bares. Essa taxa é 81% maior do que a verificada nas áreas 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela, 13 - Sapopemba/ São Mateus e 15 - São Miguel/ Itaim Paulista (32%).

Ir a jogos e eventos esportivos é um hábito de 27% dos moradores da capital. Na área 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi, 35% costumam ir a competições esportivas, taxa 75% maior do que a verificada nas áreas 3 - Perus/ Pirituba e 13 - Sapopemba/ São Mateus (20%).

Alugar fitas de vídeo é o único hábito no qual os moradores das áreas 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi e 17 - Perdizes/ Pinheiros não são os mais costumeiros. Nesse caso, a maior freqüência é verificada entre os moradores da área 1 - Santa Cecília/ Liberdade, 66%. A área com menor percentual também foge do padrão: trata-se da área 10 - Ipiranga/ Vila Prudente, onde 42% costumam alugar filmes em VHS.

Cresce oposição ao aborto

A maioria dos moradores da cidade de São Paulo é favorável a que o aborto continue sendo permitido apenas em casos de estupro e risco de vida da mãe, revela o Datafolha. Essa é a posição de 63%; 18% são favoráveis a que o aborto seja permitido em mais situações e 11% defendem que a interrupção da gravidez deixe de ser crime em qualquer caso.

A posição contra o aborto vem aumentando na capital paulista nos últimos anos. Em julho de 1994 o percentual dos que defendiam que o aborto fosse permitido em mais situações (43%) era maior do que o dos que achavam essa prática defensável apenas em casos de estupro e risco de vida da mãe (37%). Em 1997 as posições se inverteram: 56% defendiam a manutenção da lei que define o aborto como crime, se não for praticado em razão das situações já admitidas (aumento de 19 pontos percentuais), e 21% se posicionavam favoravelmente à permissão para a interrupção da gravidez em outras situações (queda de 22 pontos).

São favoráveis a que a legislação sobre o aborto continue como hoje principalmente os entrevistados que fazem parte das classes C (67%), D e E, aqueles com ensino médio e que têm renda familiar mensal até cinco salários mínimos (66% em cada segmento).

Acham que a interrupção da gravidez deve ser permitida em mais casos especialmente os moradores da cidade com nível superior de escolaridade (33%), os que têm renda familiar mensal superior a dez salários mínimos (30%) e os que fazem parte das classes A e B (26%).

Entre os que têm formação superior a taxa dos que defendem que aborto deixe de ser crime em qualquer caso (15%) fica quatro pontos acima da média.

A pesquisa não mostra variações significativas no que diz respeito a opiniões de homens e mulheres: 62% deles acham que a lei deve continuar como está; pensam assim 64% delas. Acham que o aborto deve ser permitido em mais casos 19% deles e 17% delas. Quanto à liberação da prática do aborto em qualquer caso é defendida por 11% em ambos os sexos.

Levando-se em consideração as áreas agregadas em que a cidade foi dividida para o estudo, verifica-se que a defesa da manutenção da lei é mais forte nas áreas 3 - Perus/ Pirituba, 14 - Itaquera/ Guaianazes e 15 - São Miguel/ Itaim Paulista (69% em cada uma delas), 13 - Sapopemba/ São Mateus (68%), 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela e 12 - Vila Carrão/ Aricanduva (67% em cada).

A opinião favorável à permissão do aborto em mais casos chega a 31% na área 17 - Perdizes/ Pinheiros (treze pontos percentuais acima da média), a 28% na área 1 - Santa Cecília/ Liberdade (dez pontos acima da média) e a 26% na área 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi (oito pontos acima da média). Na área 5 - Vila Maria/ Tucuruvi 22% têm essa opinião.

Nas áreas 12 - Vila Carrão/ Aricanduva e 19 - Morumbi/ Butantã 16% acham que o aborto deve deixar de ser crime em qualquer situação.

82% são contra descriminalização da maconha

Para 82% dos moradores da capital paulista fumar maconha deveria continuar proibido por lei. Acham que consumir maconha deve deixar de ser crime 15% e 2% se declaram indiferentes ao tema - mesmo percentual dos que não sabem opinar.

A posição favorável a que fumar maconha seja considerado um crime tem se mantido estável ao longo dos últimos anos na cidade de São Paulo: em 1995 essa opinião era compartilhada por 80%; em novembro de 2001 essa taxa oscilou para 79%.

Acham que fumar maconha deve continuar sendo uma prática proibida por lei principalmente os entrevistados com 41 anos ou mais, os que têm escolaridade fundamental (87% em cada segmento), os que pertencem às classes D e E, as mulheres (85%, cada), aqueles com renda familiar mensal até cinco salários mínimos e integrantes da classe C (84%, cada).

A defesa da descriminalização da maconha é mais forte entre os moradores da cidade com idade entre 16 e 25 anos, com renda familiar mensal superior a dez salários mínimos, (24% em cada segmento), nível superior (23%) e médio (20%) de escolaridade, pertencentes às classes A e B (21%) e do sexo masculino (19%).

Na área 17 - Perdizes/ Pinheiros o percentual dos que acham que fumar maconha deve deixar de ser crime fica doze pontos percentuais acima da média, atingindo 27%. Na área 1 - Santa Cecília/ Liberdade, essa taxa é de 25% (dez pontos acima da média) e na área 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi é de 24% (nove pontos acima da média). Essa opinião também é mais expressiva nas áreas 2 - Sé/ Brás (19%), 18 - Rio Pequeno/ Raposo Tavares (18%) e 19 - Morumbi/ Butantã (20%).

Na área 15 - São Miguel/ Itaim Paulista, 87% acham que o consumo de maconha deve continuar proibido. Nas áreas 13 - Sapopemba/ São Mateus e 14 - Itaquera/ Guaianazes 85% têm essa opinião.

Crescem defesa da pena de morte e da prisão perpétua
Aumenta tolerância com tortura

Se hoje houvesse uma consulta à população, a maioria dos moradores da cidade de São Paulo (59%) votaria a favor da adoção da pena de morte no Brasil. Votariam contra 37%. Se dizem indiferentes à questão 2% e 3% não sabem opinar.

Em relação à ultima pesquisa feita sobre o tema na cidade, a posição favorável à adoção da pena de morte cresceu oito pontos percentuais. Mas ela já foi maior. Em 1989, a adoção da pena capital era defendida por 73%. Nos anos seguintes essa taxa apresentou seguidas quedas: caiu para 66% em abril de 1991, foi a 60% em maio do mesmo ano e a 51% em junho de 1997. Em junho de 2000 as posições se inverteram: naquela ocasião, 51% eram contra e 44% a favor da pena de morte. Em fevereiro de 2002, nova inversão, com percentuais idênticos: dessa vez, 51% eram a favor e 44% contra a adoção da pena de morte.

Votariam a favor da adoção da pena de morte no país principalmente os moradores das áreas 5 - Vila Maria/ Tucuruvi (67%), 6 - Santana/ Limão (64%), 19 - Morumbi/ Butantã (65%), 18 - Rio Pequeno/ Raposo Tavares (63%) e 13 - Sapopemba/ São Mateus (62%).

A posição contrária em relação à adoção da pena de morte é mais expressiva nas áreas 17 - Perdizes/ Pinheiros (51%), 14 - Itaquera/ Guaianazes (44%), 15 - São Miguel/ Itaim Paulista (42%) e 4 - Brasilândia/ Freguesia do Ó (41%).

Chega a 81% a taxa dos que votariam a favor da adoção da prisão perpétua no Brasil. Este percentual é cinco pontos maior do que o verificado em fevereiro de 2002 (76%). Votariam contra 17% (eram 20% segundo a pesquisa anterior).

A pesquisa também mostra que aumentou a tolerância dos moradores da cidade de São Paulo com a tortura. O percentual dos que concordam com a frase "pessoas suspeitas nunca devem ser torturadas" caiu de 78% em 1997 para 72% hoje. Por outro lado, a taxa dos que concordam com as frases "ás vezes pessoas suspeitas devem ser torturadas para confessarem seus crimes" e "pessoas suspeitas sempre devem ser torturadas" oscilaram, de 15% para 17% e de 5% para 7%, respectivamente.

Na área 19 - Morumbi/ Butantã, o percentual dos que acham que, dependendo da situação, a tortura é aceitável, chega a 24%, sete pontos acima da média, enquanto o dos que acham a tortura inaceitável é de 64%, oito pontos abaixo da média.

Aumenta confiança na polícia

Ao mesmo tempo que a pesquisa mostra um crescimento da defesa de medidas mais rígidas na área da segurança pública por parte dos moradores da cidade de São Paulo, ela revela uma maior empatia da população com a polícia.

Indagados se sentem mais medo ou mais confiança na Polícia Militar, a maioria (54%) ainda opta pela primeira opção. No entanto, essa taxa é doze pontos percentuais inferior à verificada em dezembro de 1999. O percentual de entrevistados que afirmam sentir mais confiança do que medo (41%) aumentou onze pontos no mesmo período.

Essa pergunta foi feita aos moradores da capital paulista pela primeira vez em dezembro de 1995. Naquela ocasião, 51% diziam sentir mais medo do que confiança; 46% declaravam sentir mais confiança do que medo. Em abril de 1997, a taxa dos que diziam sentir mais medo do que confiança aumentou 23 pontos, chegando a 74%; a confiança na polícia foi a seu nível mais baixo, 24%. Em dezembro de 1999, uma ligeira recuperação: 66% diziam sentir mais medo e 30% mais confiança.

Em 1995, 68% diziam sentir mais medo dos bandidos do que da polícia; 12% afirmavam que sentiam mais medo da polícia e 18% declaravam sentir medo de ambos na mesma proporção. Em 1997 o percentual dos que diziam sentir mais medo dos bandidos caiu para 42%, enquanto o dos que se diziam mais amedrontados pela polícia subiu para 23% e a taxa dos que afirmavam sentir medo de ambos na mesma intensidade cresceu para 33%.

Hoje, 52% dizem ter mais medo dos bandidos dos que da polícia (taxa dez pontos superior à verificada no último levantamento), 20% afirmam ter mais medo dos policiais do que dos criminosos e, segundo 25%, há razões para temer ambos da mesma forma.

Entre os mais jovens,com idade entre 16 e 25 anos, o percentual dos que dizem ter mais medo do que confiança na polícia chega a 68% (14 pontos acima da média). Já entre aqueles com 41 anos ou mais, 51% dizem ter mais confiança e 42% dizem sentir mais medo.

Entre os que têm nível superior de escolaridade as opiniões se dividem: 47% dizem sentir mais medo e percentual idêntico afirma sentir mais confiança nos policiais. O mesmo ocorre entre os que têm renda familiar mensal superior a dez salários mínimos: 49% revelam sentir mais medo e 47% mais confiança.

A taxa dos que dizem sentir mais medo do que confiança chega a 63% entre os moradores da cidade que têm escolaridade média. Entre os que têm escolaridade fundamental, 49% afirmam sentir mais medo e 44% mais confiança na polícia.

O medo da polícia é maior do que a confiança entre moradores de duas áreas com características particularmente diferentes entre si: a área 13 - Sapopemba/ São Mateus (63%, contra 33% que dizem sentir mais confiança) e a 17 - Perdizes/ Pinheiros (62%, contra 32% que afirmam sentir mais confiança).

A confiança é maior nas áreas 1 - Santa Cecília/ Liberdade (51%), 9 - Vila Mariana/ Itaim Bibi, 12 - Vila Carrão/ Aricanduva (47%, em cada), 11 - Mooca/ Tatuapé e 5 - Vila Maria/ Tucuruvi (45%, cada).

Dizem ter mais medo dos bandidos do que da polícia principalmente os entrevistados que têm renda familiar mensal acima de dez salários mínimos (62%), com nível superior de escolaridade e com 41 anos ou mais, (60% em cada segmento).

Afirmam temer mais a polícia do que os criminosos os entrevistados com idade entre 16 e 25 anos (31%) e com escolaridade média (24%). Os homens (25%), mais do que as mulheres (15%) dizem temer a polícia mais do que os bandidos.

Têm mais medo da polícia do que dos bandidos especialmente os moradores das áreas 2 - Sé/Brás (26%) e 8 - Capão Redondo/ Jardim Ângela (25%).

46% já foram revistados pela polícia; maioria afirma ter ficado tranquila
20% afirmam que já foram ofendidos e 3% que já foram agredidos por policiais

Vem crescendo o percentual de moradores da cidade de São Paulo que dizem ter sido revistados por um policial alguma vez: eram 36% em dezembro de 1995; esse percentual passou a 38% em 1997 e chega hoje a 46%. Dos que já foram revistados, 20% dizem que isso aconteceu uma ou duas vezes e 26% afirmam que já passaram pela experiência três vezes ou mais.

Dos que já foram revistados, 61% dizem ter ficado tranquilos, taxa dez pontos superior à verificada em 1997; afirmam que sentiram medo 36%.

A maioria (63%) afirma que, caso passasse por uma revista policial hoje, sentiria tranquilidade. Cerca de um terço (31%) sentiria medo.

Em 1997 ocorria o inverso: 53% afirmavam que sentiriam medo e 40% que ficariam tranquilos, caso fossem revistados.

Um em cada cinco (20%) dos moradores da cidade de São Paulo afirma que já foi ofendido verbalmente por um policial. Desses, 13% passaram pela experiência uma ou duas vezes e 7% três vezes ou mais. Dizem que já foram agredidos fisicamente pela polícia 8%.

Na área 18 - Rio Pequeno/ Raposo Tavares, 28% afirmam que já foram ofendidos verbalmente e 12% que já foram agredidos fisicamente pela polícia.

Diminui hábito de passear pela vizinhança depois de escurecer
Na Área Sé/ Brás, 28% não saem para passear à noite

Indagados se, no mês anterior à pesquisa, ao sair para passear em sua vizinhança depois de escurecer, evitou certas ruas, locais ou pessoas por questões de segurança, 48% responderam afirmativamente. Essa taxa é 21 pontos menor do que a registrada em pesquisa realizada em fevereiro de 2002.

É interessante notar, no entanto, que se a pesquisa mostra que cresceu a taxa dos que dizem não ter evitado ruas, locais ou pessoas (de 26% para 37%, onze pontos percentuais), também aumentou a dos que afirmam que não costumam passear em sua vizinhança depois de escurecer (de 5% para 14%, nove pontos). Desde que essa pergunta foi feita pela primeira vez, em abril de 1999, nunca tantos haviam dito que não saíam para passear depois de escurecer.

Na área 2 - Sé/ Brás, o percentual dos que declaram não ter o hábito de passear depois de escurecer pela vizinhança chega a 28%, o dobro do registrado entre o total de entrevistados. Na área 10 - Ipiranga/ Vila Prudente essa taxa é de 21% e na área 19 - Morumbi/ Butantã é de 20%.

Foram mais precavidos ao sair para um passeio noturno pela vizinhança principalmente os moradores das áreas 13 - Sapopemba/ São Mateus (55%), 18 - Rio Pequeno/ Raposo Tavares (54%), 17 - Perdizes/ Pinheiros, 5 - Vila Maria/ Tucuruvi (53%, cada) e 4 - Brasilândia/ Freguesia do Ó (52%).

São Paulo, 9 de janeiro de 2003.