84% votariam a favor da redução da maioridade penal

DE SÃO PAULO

Taxa dos que defendem pena de morte permanece estável

Chega a 84% o percentual de brasileiros que defendem a redução da maioridade penal, segundo pesquisa realizada pelo Datafolha em todo o país. Se houvesse uma consulta a respeito do tema 12% votariam contra a medida. Se mostram indiferentes à questão 1% dos entrevistados e 3% não souberam responder.

Foram entrevistados 12.180 brasileiros, em 396 municípios de todas as unidades da Federação, e a margem de erro máxima para o levantamento é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

A defesa da redução da maioridade penal chega a 89% no Paraná e a 88% no Distrito Federal. Por outro lado, na Bahia, 18% (seis pontos acima da média) são contrários à tal proposta. A opinião contrária à redução da maioridade penal também fica acima da média na capital baiana (17%) e em Porto Alegre (21%).

Dos que são a favor da redução da maioridade penal, 62% acham que a medida deveria valer para qualquer tipo de crime e 37% afirmam que apoiam essa medida apenas para determinados tipos de delito.

Entre os que defendem a redução da maioridade penal apenas para determinados crimes, 72% citam homicídio, 45% estupro, 33% estupro seguido de morte, 30% assalto, 26% sequestro seguido de morte, 19% sequestro e 14% tráfico de drogas.

Solicitados a dizer, espontaneamente, qual deveria ser a idade mínima para uma pessoa ir para a cadeia por algum crime cometido, 79% afirmam que isso deveria ocorrer antes dos 18 anos. Desses, 43% afirmam que a idade mínima para que uma pessoa pague por crimes cometidos indo para a prisão deveria ser entre os 16 e 17 anos. Para 27% as pessoas deveriam responder por crimes que cometeu indo para a cadeia com idade entre 13 e 15 anos. Na média, a idade proposta pelos brasileiros para a maioridade penal é de 15 anos.

Para 74%, a melhor maneira de se decidir sobre a redução da maioridade penal é através de um plebiscito. Acham que esse assunto deve ser resolvido através de uma votação no Congresso Nacional 20%.

Se houvesse uma consulta sobre a pena de morte, 50% dos brasileiros votariam a favor; 43% votariam contra. Se declaram indiferentes ao tema 3% e não sabem opinar 4%.

Defendem a adoção da pena de morte principalmente os moradores das regiões Norte e Centro Oeste (56%), Sul (55%), dos estados de Santa Catarina (60%), Pernambuco, Paraná (54%, cada), Rio Grande do Sul e Ceará (53%, cada). A opinião favorável à pena de morte também fica acima da média no Recife (53%), e é maior entre os homens (55%) do que entre as mulheres (46%).

Votariam contra a adoção da pena de morte no país especialmente os moradores do Sudeste (47%), do Distrito Federal (53%), e dos estados do Rio de Janeiro (50%) e Minas Gerais (49%). A opinião contrária à pena de morte também é maior nas cidades do Rio de Janeiro (49%), Belo Horizonte e Curitiba (48%, cada).

A maioria (54%) dos brasileiros com nível superior de escolaridade votaria contra a pena de morte; 42% votariam a favor. Entre os brasileiros com renda familiar mensal superior a dez salários mínimos as opiniões se dividem: 49% votariam a favor e 48% contra.

Os crimes mais citados pelos defensores da pena de morte como aqueles que deveriam ser punidos com tal penalidade são homicídio (69%), estupro (49%), estupro seguido de morte (36%), sequestro seguido de morte (29%), assalto (20%), sequestro (19%) e tráfico de drogas (11%). Para 3%, os corruptos deveriam ser punidos com a pena de morte e 2% acham que a medida deveria ser aplicada a usuários de drogas.

Para 69%, a melhor maneira de se decidir sobre a adoção da pena de morte no Brasil deveria ser um plebiscito. Acham que a questão deveria ser decidida através de votação no Congresso Nacional 23%.

Para 58%, governo deveria priorizar combate ao desemprego e melhoria na educação para combater a violência

O percentual de brasileiros que acham que o governo deveria priorizar o combate ao desemprego e a melhoria na educação para combater a violência aumentou seis pontos, em relação a setembro de 2002, mostra a pesquisa do Datafolha. Naquela ocasião, 58% tinham essa opinião; hoje são 64%, maior taxa já registrada desde que essa pergunta foi feita pela primeira vez aos brasileiros, em junho de 2000.

Para 32% o governo deveria priorizar o aumento do número de policiais treinados e equipados; eram 38% em setembro de 2002.

Defendem a priorização do combate ao desemprego e melhorias na educação principalmente os brasileiros com nível superior de escolaridade (80%), que têm renda familiar mensal superior a dez salários mínimos (76%), das classes A e B (73%), moradores das cidades localizadas em regiões metropolitanas (69%), do Sudeste (68%), do Distrito Federal (78%), e dos estados do Rio de Janeiro (70%), São Paulo e Santa Catarina (69%, cada). Essa opinião também é verificada acima da média nas cidades de Salvador (74%), Rio de Janeiro (73%), Porto Alegre (72%), São Paulo, Belo Horizonte (71%, cada), Florianópolis (70%) e Recife (67%).

Já a ideia de que deveria ser priorizado o aumento do número de policiais é mais forte entre os que têm 60 anos ou mais (39%), com escolaridade fundamental (38%), integrantes das classes D e E (37%), moradores de cidades localizadas no interior (35%), do Nordeste (38%), dos estados do Ceará (42%), Pernambuco (39%), Bahia, Paraná (38%, cada), Rio Grande do Sul (35%) e da cidade de Curitiba (41%).

Para 38%, o principal responsável pela segurança pública deveria ser o presidente da República. Na opinião de 31% a responsabilidade por esse assunto deveria ser do governador do estado e 22% acham que o prefeito deveria ser o principal responsável pela segurança pública.

Defendem a priorização do combate ao desemprego e melhorias na educação principalmente os brasileiros com nível superior de escolaridade (80%), que têm renda familiar mensal superior a dez salários mínimos (76%), das classes A e B (73%), moradores das cidades localizadas em regiões metropolitanas (69%), do Sudeste (68%), do Distrito Federal (78%), e dos estados do Rio de Janeiro (70%), São Paulo e Santa Catarina (69%, cada). Essa opinião também é verificada acima da média nas cidades de Salvador (74%), Rio de Janeiro (73%), Porto Alegre (72%), São Paulo, Belo Horizonte (71%, cada), Florianópolis (70%) e Recife (67%).

Melhora avaliação da polícia

Os brasileiros estão mais satisfeitos com a atuação da polícia, segundo a pesquisa do Datafolha.

Em comparação com levantamento realizado em junho de 2000, aumentou a percepção positiva sobre o desempenho das polícias Militar, Civil e Federal. Nos três casos aumentaram os percentuais dos que acreditam que os policiais são muito eficientes na prevenção e no combate ao crime.

A pesquisa também mostra que a Polícia Federal é a mais bem avaliada: para 37% ela é muito eficiente na prevenção, e 35% consideram-na muito eficiente no combate aos crimes. No caso da Polícia Militar essas taxas são de 19% e 18%, respectivamente; quanto a Polícia Civil, 21% veem muita eficiência em seu desempenho, tanto na prevenção quanto no combate ao crime.

Os mais satisfeitos com o desempenho da Polícia Militar são os moradores de Minas Gerais, Santa Catarina e Pernambuco. Os mais insatisfeitos são os moradores do estado do Rio de Janeiro.

A Polícia Civil é melhor avaliada no Distrito Federal e nos estados de Minas Gerais, Pernambuco e Ceará. Os mais insatisfeitos com o desempenho da Polícia Civil são, como acontece em relação a Polícia Militar, os moradores do estado do Rio de Janeiro.

Metodologia
A pesquisa do Datafolha é um levantamento por amostragem estratificada por sexo e idade com sorteio aleatório dos entrevistados. O conjunto da população acima de 16 anos do país é tomada como universo da pesquisa e dividido em quatro sub-universos que representam as regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Norte/Centro-Oeste.

Em cada sub-universo os municípios são agrupados de acordo com a localização e o nível sócio-econômico. Dentro de cada grupo são sorteados municípios estratificados pelo porte correspondente. Através de um processo de sorteios sucessivos, chega-se ao bairro, a rua e ao indivíduo.

Desta forma a pesquisa fornece resultado para o Brasil, regiões, porte e natureza dos municípios que podem ser generalizados dentro de certos limites estatísticos.

Nesse levantamento realizado entre os dias 08 a 12 e 15 de dezembro de 2003, foram entrevistadas 12180 pessoas em 396 municípios de todas as unidades da Federação. A margem de erro máxima decorrente desse processo de amostragem é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos considerando um nível de confiança de 95%. Isto significa que se fossem realizados 100 levantamentos com a mesma metodologia, em 95 os resultados estariam dentro da margem de erro prevista.

Essa pesquisa é uma realização da Gerência de Pesquisas de Opinião do Datafolha.

São Paulo, 22 de dezembro de 2003